Levanta a mão quem nunca ouviu, quando criança, aquela velha pergunta: “o que você quer ser quando crescer?”.
Eu mesma tinha uma resposta na ponta da língua. Queria ser “chefe”, porque na dificuldade dos meus pais me explicarem o que o meu pai fazia, era isso que me contavam. No fundo, ele era gestor de um time de auditoria no setor público, e minha inocência e paixão por ele me fizeram querer ser exatamente o que ele era.
Aí a gente cresce, né? Vem a escola e aquela preparação quase que “fordista”, em linha de produção mesmo. Todo mundo recebe exatamente a mesma preparação, estuda as mesmas disciplinas, conversa com os mesmos professores, com um só grande objetivo: passar no vestibular.
“Como escolher o que eu vou fazer ‘para o resto da minha vida’ no alto dos meus 17 ou 18 anos?” é o que quase todo mundo pensa, né? Pois bem, eu também cresci, e pensando em escolher algo mais generalista, pois quem sabe eu pudesse me encaixar em algo. Adaptei a palavra “chefe” para “gestora” e escolhi administração.
Como diria o Coldplay na linda música Fix you, “when you get what you want but not what you need”. Pois bem, mesmo cursando aquilo que eu escolhi, e com muito esforço consegui, algumas coisas ainda não se encaixavam. Sentia aquele sentimento de “está faltando alguma coisa”. Eu tinha uma banda que ajudava a me preencher e, como baixista apaixonada, tinha aquele sonho clássico de “quem sabe minha banda dá certo e eu não preciso da faculdade?”.
Fiz um intercâmbio para estudar inglês e acho que foi ainda pior. Voltei com “depressão pós-intercâmbio”. Dei a “sorte” de aparecer na minha vida, logo em seguida, uma oportunidade de trabalho voluntário em uma organização estudantil internacional, e minha vida mudou.
Depois de dois anos e meio, tive a oportunidade de viver tanta coisa relacionada a pessoas, gestão, resolução de problemas, inteligência emocional. Enfim, eu não era mais a mesma pessoa. As coisas começaram a encaixar, mas isso não significava que eu sabia o que queria fazer como carreira.
Dizem que o mais difícil vem depois da sua formatura. Eu concordo. Você não tem experiência, e muito mal sabe explicar com a suas próprias palavras o que gosta de fazer. Muitas empresas são rígidas sobre quais cursos atuam melhor em quais posições, e quanta experiência você precisa ter para atuar em certa job.
Pra finalizar a minha história, como recém-formada, eu tive uma oportunidade de trabalho em uma consultoria de recrutamento e seleção de jovens, que me ensinou muito sobre o assunto. Eu realmente me apaixonei, e escolhi ser recrutadora. Alguns anos se passaram, e hoje sou Talent Recruiter na Resultados Digitais.
Na minha realidade profissional, você deve imaginar que é super comum ser procurada por amigos para orientação, os quais eu tenho muito prazer em ajudar. Algumas das coisas que eu mais escuto: “não tô feliz no meu trabalho”; “pode dar uma olhada no meu CV?”; “é muito tarde pra fazer outra faculdade?”.
Infelizmente, o meu parecer é que tem muita gente infeliz no seu trabalho. Isso impacta na pessoa não estar feliz na vida, claro! E eu acredito que isso se dá porque, em algum momento da nossa jornada, alguém criou a péssima ideia de que “a gente precisa ser uma coisa só”. Como se nossas decisões, aquelas com 17 anos, estivessem “escritas em pedra”.
O que é multipotencialidade?
Ao tentar ajudar uma dessas pessoas que eu mencionei, eu me deparei com o trabalho de Emilie Wapnick, escritora e coach de carreira, que me apresentou o conceito da multipotencialidade.
A multipotencialidade é um termo usado para identificar pessoas que têm diferentes interesses e que desenvolvem diversas competências ao longo da vida. Por conta disso, podem mudar várias vezes de carreira, atuar em diferentes áreas ao mesmo tempo ou combiná-las, criando algo novo. Outros termos que denotam a mesma ideia são polímata e pessoa renascentista.
Apesar de já existir há bastante tempo na psicologia, a ideia de multipotencialidade se tornou mais conhecida recentemente por conta de Emilie Wapnick, que traz um bom resumo do conceito em sua palestra no TED:
Ela também escreveu um livro, How to be everything, em que ensina pessoas multipotenciais a aproveitarem essa característica em suas carreiras.
O que podemos aprender com o conceito de multipotencialidade?
A partir da ideia de multipotencialidade, podemos tirar algumas conclusões:
- Não é preciso ser uma coisa só: nós podemos amar várias coisas ao mesmo tempo, sim! E podemos ser tudo se quisermos (e dermos conta);
- Podemos ser o que quisermos: nunca deixe alguém escolher por você aquilo que você sabe que é o que vai te fazer mais feliz!
O fato de ter compartilhado com ela o trabalho de Emilie Wapnick motivou aquela pessoa a mudar de uma carreira em farmácia para um trabalho com Marketing Digital. Ela fez outra faculdade? Não, sua única formação continua em farmácia. Como conseguiu? Estudou para caramba, por meio de cursos online e material gratuito!
Engana-se quem pensa que foi fácil, ou que aconteceu de uma hora pra outra. Essa pessoa levou pelo menos um ano e meio em transição de carreira. E você acha que ela fez isso porque odeia farmácia, saúde etc.? Na verdade, ela ama ser farmacêutica e cuidar da saúde de outras pessoas, mas simplesmente entendeu que uma coisa não precisava excluir a outra.
Como se inserir no mercado de trabalho sendo uma pessoa multipotencial? Um pouco da experiência da RD
Recentemente, fui perguntada sobre qual era a minha visão sobre “cursos versáteis” no mercado de trabalho. Lógico que a primeira coisa que vem à mente é administração ou engenharias, mas, pensando com calma, me dei conta de que para a RD, por exemplo, definitivamente isso não importa nem um pouco.
Tenho percebido que especialmente startups e empresas de tecnologia adotam essa linha de prezar muito mais pelo perfil, fit cultural, valores e até experiências, do que pelo seu curso. O potencial de entrega que a pessoa tem é extremamente relevante, e como ela se encaixa com a vaga que está aberta. Aqui é exatamente assim.
A RD acredita na multipotencialidade, defendida por Emillie Wapnick! Definitivamente, aqui você pode ser o que você quiser. Tem engenheiros de alimentos em eventos e projetos, tem engenheira ambiental como recrutadora, tem aquicultora em vendas...
Cada RDoer tem o seu Tour of Duty, sua jornada a percorrer em um determinado cargo. Algumas jornadas são mais longas, e outras nem tanto. Com uma cultura muito forte de feedbacks e 1-1s (conversas individuais entre líderes e liderados), todos são desenvolvidos para atingir patamares cada vez maiores, independente da área ou job em que estejam.
Por meio do nosso programa de recrutamento interno, os RDoers têm a oportunidade de começar em Customer Success, mas quem sabe seguir carreira na RD University, por exemplo. Cada tour deve ter “começo, meio e fim” e exige do RDoer muito esforço e dedicação para o alcance dos resultados esperados, que provavelmente vão coroar o fim daquele tour. O conhecimento adquirido nessa experiência vai ajudar na movimentação almejada. Enfim, tudo é possível!
Como descobrir qual caminho seguir?
Assim como nada do que eu imaginei quando eu era criança, e nem mesmo quando eu tinha 17 anos, aconteceu como eu planejei, imagino que isso também pode estar acontecendo com você. Hoje eu me sinto muito feliz, pois escolhi viver coisas que contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal e profissional, e me encontrei.
Como eu comentei, sou Talent Recruiter na RD, continuo sendo baixista (quem sabe um dia uma banda minha não “bomba” nas rádios) e viciada em futebol (cá entre nós, eu acho que eu daria uma ótima comentarista esportiva). E tudo bem ser tudo isso, desde que seja o que eu quiser!
Para ajudar no processo de autoconhecimento e reflexão sobre o assunto, eu recomendo que você se faça algumas perguntas:
- Do que eu não abro mão na minha vida?
- O que eu faço bem e no que eu não mando tão bem?
- O que eu amo fazer?
- O que eu gostaria de aprender mais?
Eu realmente espero que você possa se encontrar, seja lá em qual momento de vida e carreira esteja. Lembre-se: você não precisa ser uma coisa só!
Se você identificou e quer conhecer melhor esse mundo onde dá pra ser o que você quiser, veja aqui as nossas vagas abertas no momento!
Artigo publicado em julho de 2018 e atualizado em fevereiro de 2021.