Tenho “X” anos, e sou mãe há 20. Tenho um casal de filhos. Sou profissional com 18 anos de experiência no mercado. Sou PCD há 16 anos. Estranha essa contagem, né? Bem, dizem que depois dos 30 não contamos mais a idade que temos, por isso o “X” da questão.
Eu me tornei mãe super cedo e posso dizer que, diferentemente de muitas pessoas que tenham passado por isso, a minha experiência foi fantástica. Estava rodeada de amigos que até hoje me acompanham e que, por sinal, são os padrinhos dos meus filhos.
Naquela época, minha deficiência ainda não tinha se manifestado, mas já dava alguns indícios Eu até achava que fosse por conta da gravidez, sabe como é, carregar o barrigão e se equilibrar não é fácil.
O meu filho nasceu e eu adorava exibir meu “bonequinho” da vida real. Ah, para muitos que podem estar pensando “hum, foi criado pelos avós”: estão super enganados. Digo com muito orgulho que ele foi criado por seus pais: meu marido e eu, no caso.
Muitos até me diziam coisas como “uma criança com outra criança nos braços”. E daí? Eu me sentia uma super mãe e era isso que importava.
Após a maternidade, o maior desafio
Com o passar do tempo, os desafios foram aumentando: mãe, trabalho, estudos e por aí foi. Só que meu maior desafio não era nem ser mãe jovem, mas não entender o que estava acontecendo com meus pés.
As pessoas chegavam e me perguntavam o que eu tinha. Já meus amigos, esses sim não tinham dó: me diziam que eu caminhava como uma garça e perguntavam sem cerimônias o que estava acontecendo, pois até pouco tempo atrás eu era “normal”.
Minha deficiência se manifestou quando eu estava com quase 20 anos, e de uma forma super agressiva. De uma hora para outra, perdi o movimento do pé direito e, logo depois, do pé esquerdo. Eu digo que essa foi a fase da garça, pois, como já diziam meus amigos, eu de fato caminhava igual a uma.
Corre para lá, corre pra cá, faz isso, faz aquilo, exame, biópsia e tudo mais. Até que chegamos, após quase dois anos de muita investigação, numa possível causa: a Doença de Charcot-Marie-Tooth. Ela afeta os nervos que controlam o movimento dos músculos e os que transportam informações sensoriais ao cérebro.
Encarando a deficiência
Chegava, então, a fase de aceitação da minha deficiência, pois a de ser mãe super cedo eu já tinha superado. Um dia tive que escutar de uma pessoa estranha que, se eu quisesse seguir em frente, teria que parar de sentir pena de mim mesma e superar. Ou seja, teria que ver que aquilo, a deficiência, poderia me tornar mais forte.
Foi aí que cheguei na fase do charme. Por quê? Porque me aceitei e comecei a me adaptar. Usar chinelo Havaianas era um desafio em tanto, pois não conseguia segurar. Então, revolucionei meus calçados: os que caiam do pé, por exemplo, eu customizava com laçarotes para combinar com o look. Imaginem as cenas!
Assim, os desafios de ser mãe e PCD estavam super no controle! Então, chegava o momento de focar na carreira profissional. Eu queria mostrar todo o meu potencial e não ser apenas mais um número de vaga preenchida de PCD em uma empresa. Mas não me entenda mal, acho essa iniciativa de ter vagas para PCD super importante!
Meu trabalho na RD Station
Eu plantei, reguei, cuidei e cultivei a minha carreira profissional. E foi aqui na RD Station que comecei a colher os frutos de anos de empenho. Digo isso porque, num belo dia, fui abordada LinkedIn com um convite para conhecer mais sobre a empresa e a sua cultura. Ali começou uma troca bacana, que nem eu acreditava que daria tão certo. A RD sabia melhor que eu o meu potencial!
Então aconteceu que vim de “malas e cuias” de Portão (RS), junto com minha família, para morar em Florianópolis e trabalhar na RD Station. Eu arrisquei porque sabia que, se viram algo em mim que eu não vi, então eu tinha potencial para desempenhar minha função. O resto era comigo, e resiliência sempre foi meu ponto forte!
Estou há 3 anos na RD, trabalhando como Customer Success Manager. Aqui, me olham como a profissional que sou e o potencial que tenho, não apenas para um número de vaga preenchida de PCD. Ou seja, a empresa investiu e segue investindo no meu desenvolvimento.
Amo trabalhar aqui porque não ficamos acomodados, e somos instigados o tempo todo a sermos a melhor versão de nós mesmos. Hoje eu confio no meu potencial, porque eles me ajudaram a enxergá-lo por conta própria. E todo dia é uma afirmação me desenvolver profissionalmente e entregar minha demandas com eficiência.
E veio o home office
Além de tudo isso que comentei, hoje posso ser mãe em tempo integral, graças ao home office, que a RD adotou durante a pandemia. Consigo cuidar dos meus filhos... quero dizer, da filha mais nova, que tem 9 anos. O mais velho já está com 20 anos, mas ainda me deve satisfação porque mora comigo!
Claro que antes da pandemia também tinha muitos benefícios, como, por exemplo, levar minha filha junto para a sede da empresa e lá ninguém olhar atravessado ou questionar. Para mim, sinceramente, nosso escritório é uma casa, pois não é em todo lugar que ficamos a vontade e ainda, ficar à vontade com seu filho junto.
Até colônia de férias tínhamos para as crianças no verão com guerrinha de balões de água e tudo mais. Pensa na felicidade dessas crianças! Na RD Station brincamos - ou talvez estejamos prevendo - que os nossos filhos são os futuros RDoers, que é como nos identificamos por aqui.
Então me diz, como não amar trabalhar aqui?