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Panorama PMEs: Os impactos da Covid-19 e os passos para a retomada

Panorama PMEs: Os impactos da Covid-19 e os passos para a retomada

Queremos que, com o estudo em mãos, gestores e líderes, não só de PMEs, possam refletir e tomar melhores decisões.
Queremos que, com o estudo em mãos, gestores e líderes, não só de PMEs, possam refletir e tomar melhores decisões.

Última revisão:

Out 2024

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Introdução

O Brasil tem um cenário econômico com características únicas. Talvez pela nossa dimensão continental e recente história, somos um país em construção, repleto de oportunidades e adversidades. Para quem empreende, é uma jornada cheia de paisagens e trepidações. Em especial para as PMEs, que são a força motriz da geração de novos empregos no país, existem desafios específicos que tornam o ato de empreender muitas vezes heróico.

Nos últimos meses, com a pandemia do Covid-19, tivemos uma drástica mudança de comportamento na dinâmica da economia global e no ambiente de negócios. Parte dos segmentos tiveram impacto enorme no curto prazo e agora se preparam para retomar as atividades. Outros segmentos estão começando a absorver ou absorverão o impacto ao longo dos próximos meses – talvez anos. Há ainda uma pequena parcela que não teve impacto ou, eventualmente, pelo seu modelo de negócio ou tipo de oferta, estão conseguindo ajudar outras pessoas e empresas a se adaptarem ou passarem pela crise de forma mais amena.

Neste período de crise, diversas organizações têm se esforçado para fornecer estudos, relatórios e análises sobre a situação dos setores da economia e uma possível previsão do que acontecerá daqui para frente. Sentimos falta de algo que desse uma visão ampla do ambiente de PMEs e scale-ups no Brasil. Nasceu a ideia de entendermos, com profundidade, como a crise tem afetado esse segmento de empresas. O estudo apresentado a seguir foi dividido em 4 grandes frentes, em ordem:

Qual o impacto que a Covid-19 já teve nas PMEs e scale-ups
As principais medidas e ações tomadas pelas empresas até agora
Do que as PMEs ainda sentem falta, quais são as necessidades mais urgentes
Como os empreendedores e líderes de PMEs enxergam o futuro e como se preparam para a retomada
Acreditamos que a resiliência e a dedicação ao longo da jornada são cruciais para que as PMEs e scale-ups prosperem. Ao longo do estudo, trouxemos dados internos da Resultados Digitais e respostas de um denso questionário. Queremos que, com o estudo em mãos, gestores e líderes, não só de PMEs, possam refletir e tomar decisões levando em conta os fatores acima citados.

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Parceiros

Este estudo foi elaborado em parceria por: Resultados Digitais, Endeavor Brasil e Pequenas Empresas, Grandes Negócios.

Resultados Digitais

A Resultados Digitais (RD) é líder no desenvolvimento de software (SaaS) voltado para o crescimento de médias e pequenas empresas. Seus dois produtos – RD Station Marketing e RD Station CRM – alcançam mais de 19.000 clientes em 30 países. A RD possui 700 funcionários, distribuídos nos escritórios de Florianópolis, São Paulo, Joinville, Bogotá e Cidade do México.

Endeavor

Organização global sem fins lucrativos com a missão de ser decisiva para empreendedores que são a nova geração de exemplos para o Brasil. Há 20 anos, promove um ambiente de negócios que estimula o crescimento e o impacto de empreendedores à frente das scale-ups, empresas de alto crescimento com modelo escalável e inovador.

Já ajudou a gerar mais de R$ 9 bilhões em receitas anualmente e mais de 48 mil empregos diretos, além de acelerar mais de 700 scale-ups. Dessa forma, influencia também o surgimento de políticas públicas que simplifiquem o ambiente de negócios brasileiro para todas as empresas, tornando as regras mais transparentes e eficientes com conquistas que levaram o Brasil a ganhar 16 posições no ranking Doing Business 2019.

PEGN

Pequenas Empresas & Grandes Negócios reúne hoje a maior comunidade de empreendedores do Brasil, sejam eles startups, franquias, mulheres empreendedoras, microempreendedores e negócios sociais.

PEGN leva aos empreendedores as melhores práticas de gestão e o que há de mais moderno em conceitos de marketing, estratégia, tecnologia e finanças. Neste período de tantos desafios, a marca apresenta, em todas as suas plataformas, os caminhos para atravessar a crise, as mudanças na legislação e as histórias de quem está se reinventando para manter as vendas.

Metodologia

Definições e referências

Para entender, de forma profunda, os impactos desta crise, optamos por validar ou refutar hipóteses através de uma pesquisa exploratória, por meio da aplicação de um survey, que serviram de fonte de informação primária para as análises apresentadas a seguir.

Os dados da pesquisa Panorama PMEs: os impactos da Covid-19 e os passos para a retomada foram coletados entre os dias 14 e 29 de maio de 2020. A disponibilização deste formulário aconteceu nos canais de comunicação (mídias sociais, email marketing e newsletter) dos realizadores da pesquisa – Resultados Digitais, PEGN e Endeavor.

Com o objetivo de aprofundar e estabelecer os conceitos utilizados neste estudo, analisamos diversas fontes de informações secundárias, tais como: relatórios setoriais, legislação nacional e notícias. Isso auxiliou na definição dos conceitos e hipóteses, abordadas ao longo do estudo. O período de coleta das informações foi fator relevante para a aplicação do questionário. Sendo assim estabelecimentos que o “período de crise da Covid-19” iniciou a partir do dia 11 março, quando a OMS declarou pandemia global.

Ainda sobre a fase conceitual da pesquisa e para segmentar e classificar o perfil dos entrevistados utilizamos os conceitos apresentados abaixo:

  • Microempreendedor individual (MEI): O MEI é o pequeno empresário individual que atende as seguintes condições: (a) tenha faturamento limitado a R$ 81 mil por ano; (b) Que não participe como sócio, administrador ou titular de outra empresa; (c) Contrate no máximo um empregado; e (d) Exerça uma das atividades econômicas previstas no Anexo XI, da Resolução CGSN nº 140, de 2018,o qual relaciona todas as atividades permitidas ao MEI. Conforme consta no Portal do Empreendedor.
  • Microempresas (ME): Empresa que obtém, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360 mil. Conforme consta na Lei Complementar 123/06.
    Pequena Empresa ou Empresa de Pequeno Porte (EPP): Empresa que obtém, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360 mil igual ou inferior a R$ 4.8 milhões Conforme consta na Lei Complementar 123/06.
  • Média Empresa: Empresa que obtém, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ R$ 4.8 milhões igual ou inferior a R$ 300 milhões. Conforme classificação utilizada pelo BNDES.
  • Grande empresa: São as empresas que obtém , em cada ano-calendário, receita bruta superior à R$ 300 milhões conforme a classificação classificação utilizada pelo BNDES.
  • Scale-up: É uma empresa de “alto crescimento (EAC) cujo ciclo acelerado de crescimento e criação de riqueza baseia-se, fundamentalmente, na escalabilidade do seu modelo de negócios com pelo menos 10 empregados que crescem, no mínimo, 20% ao ano por três anos consecutivos, segundo estudo da Endeavor e Insper.

Para este estudo, vamos analisar principalmente as Microempresas (ME) e as Pequenas e Médias Empresas (PMEs). Os seguintes perfis não serão considerados na maior parte das análises para não distorcer o foco do público da pesquisa, mas eventuais apontamentos sobre esses públicos poderão ser feitos (quando cabível): (a) respondentes que apontaram faturamento (2019) inferior a R$ 81 mil reais e possuem menos de 2 colaboradores (MEIs); (b) as grandes empresas; (c) respondentes que marcaram a opção “Não sei/não posso informar” na pergunta sobre faturamento; e (d) respondentes que marcaram a opção “governo e órgãos públicos”. Também faremos análises, em alguns casos, para entender o comportamento das Scale-ups neste período de crise.

Tipo de pesquisa

Adotamos o procedimento de pesquisa tipo Survey que permite buscar informações direto com um grupo de interesse. O resultado do estudo tem como base duas fontes principais de pesquisa e dados:

  • Pesquisa de campo (fonte primária): foi realizada através da aplicação de um questionário digital com perguntas quantitativa para as bases estipuladas: clientes e contatos da Resultados Digitais, newsletter PEGN, newsletter e contatos da Endeavor e divulgação em mídias sociais.
  • Observação de informações e dados anônimos (fontes secundárias) tais como: relatórios setoriais, legislação nacional e notícias além de informações sobre o uso das ferramentas desenvolvidas pela Resultados Digitais.

Perfil da amostra e respondentes

Validação inicial do questionário ocorreu por meio de entrevistas para grupo controlado de cada perfil. O objetivo desta etapa é assegurar a qualidade e clareza do questionário antes de aplicar para toda a população. Para isso ao menos duas empresas, por perfil, PMEs, Agências de Marketing e Scale-ups responderam o questionário e sugeriram melhorias e adequações.

A confiabilidade dos da pesquisa foi definida conforme os seguintes parâmetros: Foram consideradas válidas 1447 respostas Destas 267 são de empresas do segmento de “Agências de Publicidade e/ou Marketing Digital”, para esse segmento termos um estudo separado, sendo assim teremos 1180 respostas, já desconsiderando as que não atenderam aos requisitos mínimos já citados neste estudo. Foi considerada também uma população de 4,54 milhões de empresas ativas no Brasil. Por fim, estabelecemos um nível de confiança de 95%. Nossa margem de erro foi de 3%
(calculadora de amostra).

Conhecendo os respondentes:

A aplicação do questionário foi direcionada para ser respondida por pessoas com visão da estratégia da empresas sendo eles fundadores, CEOs, diretores executivos e gerentes. Classificamos como “outros” quem respondeu a alternativa como: coordenador, analista, assistente, executivo de contas e estagiário. Conforme gráfico abaixo mais de 80% possuem cargos de liderança:

Qual o seu cargo?

A pesquisa teve cobertura nacional, notamos a predominância de respostas concentradas nos estados do sul e sudeste do Brasil conforme estratificação de número de respostas por estado brasileiro. A região norte, com um pouco mais de 1% das respostas, teve a menor participação. Não obtivemos respostas do Acre, Roraima e Tocantins.

Região dos respondentes

As empresas entrevistadas, conforme o gráfico a seguir, foram segmentadas em 18 categorias. Pelo perfil de clientes da Resultados Digitais, o segmento Agências de Publicidade e/ou Marketing destoa dos demais. Para este segmento em específico faremos análises separadas e apresentadas em um estudo específico. Vale ressaltar o alto número de empresas classificadas como: Consultorias e Treinamentos, Software e Cloud e Varejo ou Pequeno Comércio, como os segmentos mais respondidos.

Qual o segmento de indústria?

Entrando em mais detalhe no perfil das empresas as PMEs são 54,4% das entrevistadas. Ainda vale ressaltar que 46,6%, do total de entrevistados, empregam mais de 10 pessoas. Para classificar empresas como Scale-up, foram analisadas três informações. Para ser classificada como uma scale-up foi necessário responder que (a) cresceu mais de 20% ao ano nos últimos três anos, (b) foi enquadrada com PME ou grande empresa, e (c) possui mais de dez colaboradores. Assim obtivemos 29,7% das empresas entrevistadas classificadas como scale-ups. Esse dado é interessante de observar, pois as scale-ups fazem parte do grupo de Empresas de Alto Crescimento (EACs), que representam 0,5% das empresas ativas no Brasil, mas que são responsáveis por gerar 70% dos novos empregos no país, conforme o estudo do IBGE (2017)1.

Qual a classificação da empresa?

Para este gráfico foram consideradas 1.373 respondentes

Qual o número de colaboradores da empresa?

Seguindo a radiografia das entrevistas, antes de entrar nas análises dos resultados, a seguir será apresentado como elas se classificam quanto ao tipo de cliente e modelo comercial.

Classificamos as empresas em três tipos de clientes. São eles B2B para empresas que vendem para outras empresas, ou seja pessoas jurídicas, incluímos nesse tipo também vendas para governo e terceiros setor, B2C empresas que vendem para clientes, pessoa física, e B2B2C para empresas que atendem tanto pessoas jurídicas quanto pessoas físicas.

O gráfico abaixo mostra a proporção de respondentes:

Qual o tipo de cliente da sua empresa?

Perguntamos também, aos entrevistados, sobre qual é o principal modelo adotado para vender seus produtos ou serviços, dividimos esses modelos comerciais e de atendimento em três grandes grupos: majoritariamente self-service (sem contato com pessoas), majoritariamente equipe interna (que fazem contato com cliente dentro do próprio escritório ou local da empresa, ou remotamente) e majoritariamente equipes de campo (que visitam clientes nas empresas deles).

Conforme representado abaixo, 60,8% das empresas entrevistadas são classificadas com modelo de equipe interna, logo fazem uso de ferramentas e tecnologia para gerir e organizar os atendimentos à distância.

Qual o modelo comercial da empresa?

1 IBGE (2017). Estatísticas do Empreendedorismo. Disponível em: https://servicodados.ibge.gov.br/Download/Download.ashx?http=1&u=biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101312.pdf.

Limitações e observações importantes

Nesta seção, vamos trazer observações importantes e limitações encontradas durante o desenvolvimento do estudo. Tais como: tempo de respostas, números de respostas total e concluídas e como foram tratados os campos de respostas abertos.

O questionário deste estudo esteve aberto para respostas válidas para este questionário por 16 dias. Foram contabilizadas 1820 respostas concluídas para o estudo. Conforme já citado foram consideradas válidas 1447 respostas, Destas, 267 são de empresas do segmento de “Agências de Publicidade e/ou Marketing Digital”, para esse segmento termos um estudo separado, sendo assim teremos 1180 respostas para as análises.

Sobre a qualificação das respostas, consideramos sem validade para este estudo, tais como professores universitários, servidores públicos, pessoas buscando emprego e aposentadas. Esse perfil de respondente informou sua situação profissional no campo marcando o campo “Outro (Qual?)” na pergunta sobre cargo.

Com o objetivo de padronizar a leitura das informações adotamos um padrão para analisar os campos abertos do questionário que tratavam de respostas como Outro (especifique) e “Outro (Qual?): (a) Revisão para entender se a resposta se encaixava em uma categoria já existentes. (b) nos campos onde era permitido marcar mais de uma opção a opção outros foi descartada.

A distribuição geográfica foi uma das limitações do estudo. Não conseguimos atingir um número de respostas válidas relevantes nos estados da região norte, além de não ter respostas dos estados de Roraima, Acre e Tocantins. Nossa meta era chegar em 3,4% dos respondentes, o que equivale a mesma proporção do número de empresas ativas na região norte em relação às demais regiões do Brasil.

Ao fazermos uma afirmação sobre um setor ou segmento de empresa nesse estudo, estamos falando da realidade afirmada pelos respondentes deste estudo e não da realidade do setor ou segmento todo.

Por fim, para facilitar a leitura do relatório, optamos por separar as análises do segmento “Agência de Publicidade e/ou Marketing Digital” para esse segmento, que obteve 267 respostas válidas. Será feito um estudo exclusivo com análises customizadas.

Impacto atual em PMEs

Uma crise de grande magnitude como a que estamos vivendo afeta, cedo ou tarde, a maioria das empresas, em diferentes aspectos. Algumas são afetadas imediatamente (como o caso de companhias aéreas, restaurantes, academias). Outras são menos afetadas no início, mas devem sofrer esse impacto ao longo dos meses.

O impacto pode variar de acordo com a indústria, o tamanho, o modelo de negócio, a região e inúmeras outras variáveis. Optamos pela escolha de variáveis que entendemos ser aplicáveis à maioria das pequenas e médias empresas:

Um dos principais indicadores de impacto é o aumento ou redução da receita operacional do negócio. Para a maioria das PMEs, o impacto aqui é sentido no curto e médio prazos. A receita é a métrica que fala sobre vendas ou contratos recorrentes. Na crise, muitas empresas tiveram diferentes níveis de dificuldade em vendas.

Usemos o caso das empresas do setor hoteleiro: como as pessoas estão viajando menos no período (seja a trabalho ou a lazer), os hotéis também vendem menos diárias de hospedagem. As lavanderias que possuem hotéis como clientes representativos em sua clientela também terão menos serviços de lavagem. Todo o comércio local ao redor dos hotéis e que depende do fluxo de pessoas dos hotéis também vão vender menos. Todos, portanto, terão redução esperada na receita operacional.

Por outro lado, há empresas que fornecem serviços essenciais na crise ou com modelos de negócios e canais que se adaptem melhor à necessidade das pessoas durante este período. Algumas dessas empresas, ainda que poucas, podem estar bem posicionadas para aumentar as vendas. É o caso dos fabricantes de álcool em gel. Ou de empresas que aproveitam o entretenimento online. Essas empresas não só aumentam receita durante a crise, como continuam contratando e investindo em seus canais de marketing, vendas, atendimento.

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Muitas vezes, os custos e despesas de uma empresa são variáveis resultantes do tamanho da receita. Buscamos entender também como a crise impacta o orçamento de despesas de uma empresa, somado ao fato de que as empresas tomam medidas que impactam diretamente no orçamento de despesas. Mapeamos como a crise afetou o orçamento de despesas para as PMEs.

Consideramos um recorte específico relacionado a pessoas. Por isso, mapeamos também o impacto em redução ou aumento do tamanho da equipe na crise. Quando começamos a pesquisa, sabíamos que o impacto negativo seria muito maior em todos os indicadores. Especialmente quando falamos de pessoas, nunca é uma decisão fácil e a maioria dos gestores sente dificuldade em conduzir conversas desagradáveis.

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Reduzir custos neste período pode ser muito importante para garantir que seu negócio continue funcionando. Pode ser encarado também como uma boa oportunidade de exercício o corte de custos que não são essenciais ou o desenvolvimento de novos fornecedores que entregam aquilo que é essencial, mas a um custo benefício melhor.

Entender o cenário de receitas e despesas nos dá uma ótima ideia do impacto geral do fluxo financeiro de um negócio. O indicador mais importante para entender quão preparada para aguentar uma crise está, entretanto, é a disponibilidade de caixa. Falaremos mais à frente sobre medidas e necessidades que impactam diretamente o caixa (como acesso a crédito), mas buscamos entender o tempo de sobrevivência estimado (em meses) pelos decisores das PMEs. Queremos que o estudo seja propositivo e ajude nas próximas decisões que os leitores precisem tomar. A primeira (e talvez principal) recomendação é que, mesmo que ampla, gestores precisam tomar decisões que aumentem ou preservem a disponibilidade de caixa durante a crise. Uma empresa pode passar anos sem ter lucro e até semanas ou meses sem faturar – mas não sobrevive se não tiver caixa para cumprir com suas obrigações.

Quase 80% das PMEs brasileiras tiveram impacto negativo nas receitas

Já era esperado que a crise impactaria a maioria das empresas de forma negativa. Seja pela menor circulação das pessoas no período, pela diminuição da renda ou pela priorização das pessoas e empresas, o impacto para a maioria das PMEs também foi negativo. A crise gera desgastes na vida da maioria dos brasileiros (em especial para classes média e baixa) e acaba impactando também a maioria dos setores da economia.

77,7% das empresas tiveram impacto negativo em suas receitas e apenas 13,5% notaram algum impacto positivo

E o impacto vem em forma de queda nas receitas no período da crise. Aproximadamente 77,7% das empresas entrevistadas tiveram impacto negativo na receita, sendo que aproximadamente 40% do total de respondentes tiveram redução em mais de 40% da receita, considerado pela nossa equipe muito agressivo. 20% das empresas não tiveram impacto negativo em receita, sendo que 13,5% dos entrevistados tiveram algum tipo de impacto positivo.

Impacto na Receita – Houve aumento/redução nas receitas da empresa quando comparado com o planejado/esperado para o período da crise?

Aliado à queda abrupta na receita e à preocupação com o nível de despesas, o que preocupa a maioria das empresas é a disponibilidade de caixa durante a crise. Disponibilidade de caixa é o principal indicador para inferir sobre tempo de vida e probabilidade de uma empresa continuar ativa por um período maior de tempo.

65% dos respondentes que elencaram Fluxo de Caixa como preocupação na crise.

Média de Impacto na Receita por classificação da empresa – Houve aumento/redução nas receitas da empresa quando comparado com o planejado/esperado para o período da crise?

O impacto é maior ou menor de acordo com o segmento/indústria

Ainda que nosso estudo não contempla análises setoriais detalhadas, a crise afeta as empresas de diferentes formas, de acordo com o segmento. A população diminui, por exemplo, a intensidade das viagens, o que acaba afetando a cadeia de toda a indústria de aviação/turismo/hotéis (o valor de mercado de empresas públicas do setor de aviação chegou a cair mais de 70% se comparado com o valor pré-crise). Demais empresas da cadeia de turismo e viagens, como agências de viagens e hotéis acabam por ter um forte impacto devido às recomendações de quarentena e lockdown em algumas cidades, além do menor fluxo de turistas viajando no período.

Por outro lado, empresas de outros segmentos acabam sofrendo impacto menor ou até se beneficiando. As pessoas ainda continuam com as necessidades básicas, como alimentação e higiene pessoal. A diferença para muito do que é considerado básico está na forma de compra: cada vez mais digital. Por isso vemos o comércio eletrônico aumentando em diferentes categorias.

Além da maior parcela de compra online, as pessoas também estão mudando comportamentos de compra. Estudos recentes mostram que alguns produtos têm maior procura durante a crise se comparados com períodos normais. Jogos online tiveram um volume de buscas no Brasil muito maior no período da crise. Assim também é com pijamas. As pessoas estando mais tempo em casa, a busca por receitas na internet aumentou muito. Junto com elas, buscas por itens como máquinas para fazer pães viram seus pedidos aumentarem desproporcionalmente ao esperado para o período. O brasileiro adapta seus hábitos e comportamento e isso fica refletido nos diferentes segmentos.

Observamos nos nossos dados um impacto negativo em todas as indústrias, mas intensificado em alguns segmentos como Varejo e Pequenos Comércios, Eventos e Turismo e Lazer. A maioria das empresas desses setores oferta produtos ou serviços que tiveram procura reduzida pelo fato dos consumidores estarem em suas casas. Além disso, a maioria das empresas de comércio local tem suas receitas em campo. Ou seja, a jornada de compra pode se iniciar online, mas sua continuidade e fechamento se dá offline.

Por outro lado, muitas empresas de Ecommerce e de Software & Cloud têm seus modelos adaptados para que o processo de venda se concretize sem a necessidade de presença física. Na maioria das vezes no setor de Software & Cloud, o próprio produto ou serviço é consumido remotamente.

Média de Impacto na Receita por segmento – Houve aumento/redução nas receitas da empresa quando comparado com o planejado/esperado para o período da crise?

Sugerimos aos leitores que busquem entender melhor sobre o que está afetando o segmento como um todo e o que pares e competidores estão fazendo para sobreviver. Como exemplo, as entidades e associações costumam desenvolver e publicar estudos mais aprofundados. A ABRACORP (Associação Brasileiras de Agências de Viagens Corporativas), por exemplo, publica trimestralmente os dados de vendas para as empresas do setor. Recentemente, foi publicada uma análise sobre como as medidas provisórias afetam os associados.

Se o desafio maior é no seu produto/serviço ou modelo de vendas, inovar no canal de vendas pode ser uma boa opção. Diversas empresas que vendem produtos que ainda são consumidos estão se adaptando para vender diferente. É o caso dos restaurantes que intensificaram as vendas do delivery. Mais criativos ainda são aqueles que colocaram à venda vouchers que dão direito de consumo futuro, eventualmente com um desconto pela compra. O brasileiro economiza e prioriza recursos nestes momentos, mas sempre tem aquele que não dispensa um bom negócio.

Festa na caixa ganha versão junina e ajuda empreendedoras a faturar (PEGN)

O impacto para quem vender para outras empresas (modelo B2B) foi menor até agora

Dentre os entrevistados, buscamos entender se o perfil de clientes se qualifica como pessoa física ou jurídica. A venda para esses dois perfis costuma ser bastante diferente. Salvo itens como imóveis ou automóveis, a maior parte das compras no B2C tem ticket médio menor do que nas vendas B2B. Além disso, o fator desejo é tão relevante quanto a necessidade, sendo o último mais presente nas jornadas de compras dos consumidores pessoa jurídica.

As jornadas de compra tendem a ser mais complexas no B2B e as relações comerciais, geralmente, costumam ser mais duradouras. As empresas costumam ter uma cadeia de fornecedores desenvolvida ao longo dos anos. Muitos destes fornecedores oferecem não só produtos ou serviços essenciais para o negócio, mas normalmente personalizados e com condições de pagamento (como parcelamento, descontos, carência) que outros fornecedores não conseguem entregar.

Nossa análise mostra que o impacto na receita, durante o período da crise, apesar de ser negativo para a maioria das empresas, até agora foi menos crítico para empresas vendendo para B2B. É importante destacar o “até agora”, porque todas as condições citadas acima podem ser falsos indicadores de que sua receita está preservada – dependendo do seu modelo, talvez não tenha sido afetada ainda.

Como os ciclos de compra no B2C tendem a ser mais curtos, o impacto já foi perceptível para a maioria das empresas (quanto menor o ciclo de compra, mais rápido o impacto em receita é percebido).

Recomendações da nossa equipe:

Para as empresas B2C com ciclos de compra mais curtos, já pode ter chegado no seu negócio o impacto em receita. Provavelmente, você já tomou ações para minimizá-lo. Nessas condições atuais de crise, como seu cliente está comprando seus serviços e produtos?

De bar a creche canina, empresas vendem vale-compras para manter receita na crise do coronavírus (PEGN, 08.04.2020)

Para as empresas B2B, sugerimos avaliar se o impacto em receita até agora reflete o esperado para o período. Há clientes com vencimentos mais longos que existe risco de inadimplência? Uma boa prática de gestão é buscar indicadores que ajudem a tentar o risco de não ter a receita (tendência da inadimplência em dias após o vencimento das faturas pode ser uma boa linha).

Média de Impacto na Receita por tipo de cliente – Houve aumento/redução nas receitas da empresa quando comparado com o planejado/esperado para o período da crise?

Ter caixa para sobreviver é um dos maiores desafios para MEs e PMEs

A disponibilidade de caixa para as empresas no período é um dos indicadores mais relevantes para a sobrevivência de qualquer empresa durante a crise. Quanto maior a disponibilidade de caixa para cumprir as obrigações, mais tempo uma empresa pode aguentar a crise com as receitas afetadas ou sem a necessidade de cortar custos mais fundamentais.

Mais da metade das PMEs só tem disponibilidade de caixa para até 6 meses

Há diferentes formas de garantir disponibilidade de caixa. A mais comum delas e, em geral, a mais significativa, é a partir das receitas operacionais – ou seja, da atividade principal do negócio. Universidades, por exemplo, formam caixa a partir das receitas advindas da venda de cursos.

Entretanto as receitas operacionais não são a única fonte para geração de caixa. Uma empresa pode, por exemplo, vender ativos (como terrenos ou máquinas) para formar caixa. É possível também ter receitas advindas de atividades não operacionais, como investimentos. Por último, uma alternativa comum às PMEs é recorrer a dívidas de crédito com bancos e instituições financeiras (abordada na seção de necessidades). Para aqueles que tiveram suas receitas afetadas e já tomaram as ações necessárias para corte de custos, sugerimos avaliar essas e outras alternativas.

O gráfico abaixo mostra que mais da metade das PMEs só tem disponibilidade de caixa para até 6 meses. Considerando a data da resposta, se a crise econômica perdurar até o fim do ano, mais da metade dos respondentes terão fechado as portas em janeiro de 2021. Por isso é importante alertar sobre a importância deste indicador: caixa é o oxigênio necessário para sua empresa passar mais tempo mergulhada na crise.

Qual estimativa (em meses) que sua empresa consegue continuar operando?

Encontramos uma correlação entre a disponibilidade de caixa e o tamanho da empresa. Apesar de ser um pequeno grupo respondente, as grandes empresas apresentaram uma disponibilidade de caixa (em meses) maior do que os demais grupos.

Qual estimativa (em meses) que sua empresa consegue continuar operando? Média por classificação da empresa

As PMEs scale-ups têm performance melhor do que a média durante o Covid-19

As scale-ups2 são as empresas consideradas de alto crescimento no Brasil. É um grupo com uma característica ímpar: elas crescem mais de 20% ao ano por, no mínimo, três anos consecutivos. Apesar de representarem um grupo muito pequeno na economia do Brasil, as scale-ups foram responsáveis pela geração de 70% dos novos empregos do país em 2017. São, portanto, força da nossa economia e protagonistas na retomada. As scale-ups são parte de um grupo significativo da nossa amostra de pesquisa e trouxemos um recorte específico.

Nossa análise mostra que as scale-ups passam pela crise de maneira mais amena. O impacto na receita, por exemplo, chega a ser 11,5% menor na média. As scale-ups também possuem proporcionalmente mais empresas que não tiveram impacto ou foram impactadas positivamente quando comparamos com outros grupos da nossa amostra.

Média de Impacto na Receita por “é ou não Scale-up” – Houve aumento/redução nas receitas da empresa quando comparado com o planejado/esperado para o período da crise?

Ao analisarmos as empresas que tiveram impacto positivo na receita é possível notar que as scale-ups e as microempresas se sobressaíram quando comparadas com PMEs.

Dentre as scale-ups, qual a % que teve impacto positivo na receita? Fazer a mesma comparação para PMEs geral e MEs geral

17,1%das Scale-ups tiveram impacto positivo na receita.

6,8%das PMEs tiveram impacto positivo na receita

17,2%das ME tiveram impacto positivo na receita

A disponibilidade de caixa das scale-ups se mostrou maior do que as demais. Na média as scale-ups possuem quase 2 meses de caixa a mais do que as PMEs. Porém, na comparação, notamos que quase metade das scale-ups possuem pelo menos 9 meses ou mais de caixa disponível, caso as condições da crise permaneçam como estão. Esse número é 15,6% menor quando analisamos as demais PMEs ou seja 34,3% afirmaram ter 9 meses ou mais de caixa.

Qual estimativa (em meses) que sua empresa consegue continuar operando? – Comparativo por “é ou não Scale-up”

Ao comparar cortes de equipes ou novas contratações as scale-ups também se destacam em relação às demais empresas. Na média 48,7% das scale-ups ainda não fizeram cortes em equipe, 11,9% disseram que ainda estão contratando.

Qual o impacto no tamanho da equipe da empresa? – Scale-ups

Assim temas sobre a saúde do caixa são muito relevantes para as scale-ups. 65,2% delas consideram o tema fluxo de caixa um tópico importante e logo em seguida 31% delas consideram acesso a capital como um tópico importante. O que mostra uma constante preocupação deste perfil de empresas com seu caixa.

Tópicos mais relevantes para Scale-ups

Seguindo sobre o tema de acesso a capital para as scale-ups, vale destacar que 39,1% vão em busca de crédito na crise para se financiar (o que não é comum para esse tipo de empresas). Na maior parte das vezes, pela ausência de garantias reais para oferecer nos empréstimos e pelo modelo de negócios que foge do tradicional, essas empresas não conseguem empréstimos nos bancos privados (ou conseguem a custos muito elevados). Por isso, o acessar capital por meio de equity acaba sendo o caminho mais acionado. Nesse estudo é possível notar que 17,9% das scale-ups afirmaram buscar esse tipo de capital enquanto 11,9 das demais PMEs tiveram a mesma resposta. Com a crise e com a restrição do capital de risco, é interessante ver esse movimento rumo ao crédito, conforme o gráfico a seguir:

Quais fontes de financiamento sua empresa considera buscar nos próximos meses? – Scale-ups

Diferente das demais PMEs também é possível notar uma diferença relevante das scale-ups. Enquanto as PMEs estão buscando sobreviver durante a crise buscando crédito principalmente para folha de pagamento, pagar fornecedores, aquisição de clientes e migrar para um modelo online as scale-ups estão buscando investimento para inovar, como Pesquisa e desenvolvimento e aumento de produtividade

Em geral, as scale-ups se diferenciam por aspectos de gestão ou modelo de negócios, permitindo vantagens competitivas em relação aos concorrentes que fazem com que ela cresça agressivamente. Essas vantagens competitivas podem ser desde modelos alternativos de canais de vendas, estrutura de custos e cadeia de fornecedores, economias de escala e produtos patenteados ou marcas fortes. Tais ativos também funcionam como proteção em um período de crise – por isso, nossa equipe sugere a todos os leitores que reflitam sobre as vantagens competitivas que o modelo de negócios ou gestão da sua empresa possuem.

2 Scale-ups são: Empresas de “alto crescimento (EAC) cujo ciclo acelerado de crescimento e criação de riqueza baseia-se, fundamentalmente, na escalabilidade do seu modelo de negócios com pelo menos 10 empregados que crescem, no mínimo, 20% ao ano por três anos consecutivos, segundo estudo da Endeavor e Insper.

Modelos de vendas sem presença física se tornam uma vantagem competitiva

Transformação Digital: a chave para superar a crise

Buscamos entender se os tipos de modelos comerciais e de atendimento trouxeram diferenças no impacto das empresas. Ainda que não represente a totalidade das empresas, entendemos que em sua grande maioria, podemos dividir os modelos comerciais e de atendimento em 3 grandes grupos: majoritariamente self-service (sem contato com pessoas), majoritariamente equipe interna (que fazem contato com cliente dentro do próprio escritório ou local da empresa, ou remotamente) e majoritariamente equipes de campo (que visitam clientes nas empresas deles).

Média de Impacto na Receita por modelo comercial – Houve aumento/redução nas receitas da empresa quando comparado com o planejado/esperado para o período da crise?

Não encontramos diferenças significativas em função do modelo comercial. As empresas que possuem equipes de vendas e atendimento de campo tendem a ter, na média, mais impacto em relação ao modelo de gestão e operação. Naturalmente, dado que tanto o cliente, que está acostumado a atender essas empresas passou a não estar mais presente fisicamente ou tais equipes ficaram impossibilitadas de se deslocar. Além disso, para os casos onde o cliente é flexível para ser atendido remotamente, a falta de processos/ferramentas para que essas empresas consigam executar as tarefas pode dificultar a produtividade.

Dos respondentes que possuem equipes de vendas e atendimento de campo, mais da metade já acionou o plano de contingência de migração do negócio para online ou delivery. É um indicativo das medidas que esse grupo está tomando e influencia o modus operandi dos times.

Na média, as empresas com times de vendas e atendimento (seja interno ou de campo) acionaram o plano de contingência de trabalho remoto 11,4% a mais em comparação com as empresas que possuem modelos self service.

Medidas já tomadas pelas PMEs

Gerir um negócio é tomar uma série de decisões importantes, todos os dias. Durante uma crise, o número e a importância das decisões que se tomam podem significar a sobrevivência da sua empresa e dos empregos de muitas pessoas. Mesmo sem ainda ter dados quantitativos do mercado para entender o real impacto da crise atual, as empresas já tiveram que se movimentar e tomar ações importantes, baseadas em informações qualitativas com a percepção rápida do que mudou nos resultados e na sua operação.

Renegociar contratos e cortar serviços não essenciais é uma realidade para 65,8% das PMEs

Um dos pontos importantes avaliados na pesquisa é justamente quais as medidas tomadas até agora pelas MEs e PMEs, quais os resultados esperados de cada uma delas e as diferenças dessas ações dentro dos diferentes recortes.

Como primeira ação implementada por conta da crise, as PMEs tiveram que revisar o seu plano anual de orçamentos e metas: 3 de cada 4 empresas tiveram que passar por esse processo, independente se atuam no modelo B2B ou B2C. Esse resultado deixa claro que a maioria das PMEs precisou adaptar o planejamento inicial do ano e ajustar seus objetivos, considerando o que poderiam disponibilizar de orçamento e a sua posição com relação às despesas recorrentes.

Alguns segmentos também se destacam com o maior percentual de redução no seu orçamento, comprovando o mesmo movimento existente quando falamos dos que tiveram impacto na sua receita. Nesse quesito, também existe uma forte correlação entre as empresas que tiveram maior ou menor impacto na receita com aquelas que tiveram que ajustar seu orçamento.

O aumento ou redução da receita pode levar, dentre outras medidas, a um indicador fundamental para entender o real impacto dessa crise: aumento ou redução do quadro de funcionários. Afinal, a queda na receita, atrelada à situação atual de caixa, pode resultar em insuficiência de caixa para pagamento dos colaboradores, exigindo assim ações mais drásticas, como as demissões.

Para as empresas que possuem a capacidade de alocar os seus times para trabalho remoto, essa também foi uma das principais medidas de contingência acionadas durante a crise. Essa foi uma ação adotada em todo o mundo para superar as barreiras físicas dos escritórios e continuar com a operação mesmo com os times atuando na modalidade Home Office.

Para muitos negócios, o trabalho remoto foi implementado há semanas, o que já permite avaliar o desempenho dos times nesse modelo operacional. Perguntamos também se essa seria uma medida que deve continuar após o fim da crise sanitária, e boa parte dos respondentes indicou que sim. Também ficou claro que as empresas com quadro de colaboradores acima de 200 profissionais são as que implementaram essa medida em maior proporção.

Foram tomadas medidas para ampliar as formas de comercialização de produtos e soluções pelas empresas. Para aquelas empresas que conseguiram adaptar a jornada de compra dos clientes, houve migração para vendas online ou por meio de delivery. Entre as empresas que adotaram essa medida, os respondentes indicaram que a ação deve continuar de forma permanente. Esse resultado fortalece a percepção de que a crise demanda mudanças rápidas e mais direcionadas para o movimento de transformação digital, que deve permanecer nos meses seguintes, mesmo com uma provável redução das medidas de isolamento.

Algumas medidas foram ainda mais drásticas, mudando completamente o modelo de negócio das empresas até então. Usando o mesmo exemplo dos hotéis, que sofreram um grande impacto durante a pandemia, já é possível encontrar exemplos de redes de hotéis que estão disponibilizando os seus espaços como escritórios individuais.

O chamado room-office é uma alternativa que muda completamente a forma de divulgação e venda no setor hoteleiro, mas se mostra como uma medida essencial para conseguir manter uma parte do faturamento.

Home office em hotel? Quartos vazios viram escritórios durante a pandemia

Em termos de contenção de gastos, também foi possível constatar o intenso movimento de renegociações de contratos. As PMEs cortaram despesas que já não são essenciais ou que não fazem mais sentido de acordo com as mudanças estruturais. a maior parte das PMEs responderam que essa medida deve ser permanente. Os respondentes do segmento de Comércio local ou Pequeno comércio indicaram que adotaram essa medida em proporção ainda maior.

A crise faz com que as empresas também se esforcem para manter as compras ou contratos ativos dos seus clientes, fazendo com que muitos adotem a medida de aplicar descontos ou flexibilizar contratos, com o objetivo principal de reter a base de clientes. Essa mudança impactou 69,7% das PMEs, e foi realizada com maior proporção nas empresas dos segmentos de Software, Cloud, Mídia e Comunicação, que trabalham geralmente com a venda de assinaturas e pagamentos recorrentes.

Orçamento e metas: a maioria das PMEs revisou o plano financeiro do ano

Para entender a série de medidas tomadas que vamos trazer na sequência do report, é importante analisar antes qual foi o impacto que as empresas tiveram no que se refere ao seu orçamento de despesas e metas financeiras para o ano. O resultado constatou que houve uma revisão do planejamento para 2020.

Na pesquisa, perguntamos se houve aumento ou redução nos orçamentos desde o mês de março, quando iniciamos a crise do COVID-19 no Brasil. E ficou claro que o período impactou negativamente e com muita intensidade todos os setores: 3 em cada 4 PMEs reduziram o orçamento de despesas.

Da mesma forma, MEs também passaram por um processo de redução no orçamento, com a maioria dos respondentes indicando essa opção, como podemos ver no gráfico.

Qual o impacto no orçamento de despesas?

Essa medida de olhar novamente para o orçamento e metas, algo que já tinha acontecido entre o fim de 2019 e o início de 2020, só reforça que os ajustes criam uma cadeia de outras decisões importantes por conta da crise.

Pelas respostas na pesquisa, não houve variação significativa entre os modelos de negócios B2B e B2C quando falamos desse impacto no orçamento, com ambos ficando com essa alta média de redução. Mas o impacto em receita que vimos anteriormente influenciou diretamente nesse resultado, que coloca as empresas em um momento de revisão do plano traçado para 2020. Agora é importante traçar diversos cenários diferentes para não ter risco de ser surpreendido nos próximos meses.

No recorte das PMEs e Microempresas que tiveram impacto positivo na sua receita durante este período, a pesquisa mostrou que reduzir o orçamento dos despesas é uma medida adotada até por este grupo, mostrando que o período é de cautela mesmo para a parte das empresas que estão com um fluxo de vendas contínuo ou crescente durante o período.

Impacto no orçamento de despesas – Empresas com impacto positivo na receita

Já quando analisamos as empresas que tiveram impacto negativo na sua receita, a lógica foi seguida com ampla maioria também sofrendo reduções no seu orçamento de despesas. São 82,7% das PMEs que responderam de forma alinhada com esse ponto negativo. Mesmo com a queda nas receitas, quase 20% dos respondentes ainda precisou aumentar o orçamento das despesas. A probabilidade de que este último grupo tenha diminuído o tempo de vida da empresa é ainda maior.

Impacto no orçamento de despesas – Empresas com impacto negativo na receita

Se tratando do recorte das empresas que indicaram não terem sido impactadas na sua receita, a redução no orçamento continuou como uma medida de destaque, adotada por mais de 50% dos respondentes tanto de PMEs como de Microempresas.

Impacto no orçamento de despesas – Empresas que não tiveram impacto na receita

Fazendo a divisão por segmentos, vemos que todos foram afetados por essa revisão no plano orçamentário. A área de serviços Financeiros e Jurídicos foi a que teve o menor percentual de redução no orçamento, com uma queda de 8,9%, seguido por Ecommerce com redução de 15,3% no orçamento. O orçamento de despesas tem uma correlação forte com o impacto de receitas, ainda que existam muitas empresas que não conseguem fazer com que as despesas diminuam proporcionalmente em relação ao impacto.

Qual o impacto no orçamento de despesas? – Média por segmento

Setores como Turismo e Lazer tiveram uma claro redução nos orçamentos, chegando a 44,2%. O segmento que mais sofreu nesse fator foi o de Eventos, com uma queda de 47,4% na sua previsão de orçamento inicial, seguindo a mesma tendência de quando falamos do impacto na receita, sendo um dos setores mais afetados pela crise.

Reduzir o quadro de funcionários foi medida adotada por 40% das PMEs

Durante o período de pandemia, algumas notícias foram divulgadas relatando casos de empresas em todo o país que realizaram cortes difíceis de colaboradores neste momento. A média geral que forma o resultado da pesquisa mostra que se tratando da medida de realizar demissões, 49,8% das empresas dizem que o contexto de crise ainda não afetou este tópico, enquanto 8,8% ainda destacaram que aumento no tamanho da equipe.

Corte de pessoas, a medida mais difícil: 41,4% dos entrevistados afirmou que já teve que demitir. Entre as empresas B2C, o impacto foi maior, 49,2%

Mesmo assim, essa constatação não possui um percentual tão distante do volume de empresas que já acionaram essa alternativa enquanto perdurar a crise, que formam os outros 41,4% dos respondentes.

“Tivemos que desligar uma parte significativa do time. Fomos pegos por um cenário avassalador, principalmente para o setor de turismo. Vimos as companhias aéreas reduzirem as operações em 90% e o cancelamento das viagens no Brasil chegar a 85%. As forças externas foram maiores do que minha capacidade humana e esforço para tentar evitar os impactos no nosso time”, Max Oliveira, CEO da Max Milhas

Qual o impacto no tamanho da equipe da empresa?

O resultado mostra que essa é uma das principais medidas que as PMEs estão recorrendo para cortar custos, mesmo sendo uma medida mais drástica que gera a diminuição no quadro de colaboradores. E analisando o nível desse impacto, 21,5% dos respondentes apontaram que já tiveram impacto negativo de até 20% no tamanho da equipe, enquanto que para 19,9% dos respondentes a redução do quadro de funcionários foi maior do que 20%.

Esses dados reforçam o quanto o impacto da crise nos empregos é agressivo, que também são sustentados pela receita das empresas, muito impactada durante a crise. Essa análise também muda quando comparamos o cenário entre o mercado B2C e B2B.

Empresas B2C tomaram medidas mais drásticas em relação ao quadro de funcionários

Para as empresas que trabalham com vendas diretas para pessoas físicas, o modelo B2C, a medida foi na maior parte negativa para os respondentes. Das PMEs que se enquadram nesse mercado, 49,2% responderam que sim, já houve cortes no tamanho da equipe, enquanto 44,4% ainda não adotaram essa medida e 6,3% tiveram impacto positivo nesse quesito.

Impacto no tamanho da Equipe – Empresas B2C

Em comparação com o recorte de empresas que atuam no modelo B2B, o percentual de empresas que realizaram demissões cai para 36,1%, com 54,2% destacando que não adotaram essa medida durante este período de crise, e ainda 9,7% indicando um crescimento no quadro de colaboradores.

Impacto no tamanho da Equipe – Empresas B2B

Vale destacar que esse percentual de empresas que realizaram contratações, ou seja, que tiveram aumento no tamanho da equipe, pode indicar a entrada de profissionais nas PMEs para trabalhar diretamente com demandas que surgiram a partir da crise.

Fazendo o recorte por segmento de atuação, fica ainda mais claro quais os segmentos mais afetados pela crise quando falamos de demissões e cortes no quadro de colaboradores. O setor de Turismo e Lazer, assim como o de Eventos, que tiveram suas atividades paralisadas quase por completo, lideram esse resultado negativo, com uma média de redução de 36,9% e 28,4%, respectivamente.

Média de Impacto no tamanho da Equipe por segmento

Mesmo com esses setores sofrendo mais impacto negativo, é visível que há empresas de todos os segmentos tomando medidas em relação ao tamanho da equipe.

Quando fazemos o recorte por tamanho de empresa, baseado no faturamento anual, é possível constatar que dentro do grupo apenas de PMEs, aquelas que faturam acima de R$ 16 milhões tiveram um percentual de impacto negativo no tamanho da equipe maior do que aquelas que que não foram impactadas nessa medida de realizar demissões. Entre as empresas com faturamento de R$ 16 milhões a R$ 90 milhões e de R$ 90 milhões a R$ 300 milhões o percentual de impacto negativo chega a 50%.

Média de Impacto no tamanho da Equipe por faixa de faturamento da empresa

Quando levamos em conta o impacto gerado na receita das empresas, aquelas que tiveram um impacto positivo neste período de crise seguem um caminho oposto, aumentando o tamanho das suas equipes. Entre esse grupo, 35,4% dos respondentes indicaram que a equipe cresceu se tratando do número de colaboradores, contra 13,3% que realizam cortes e 51,3% que ainda não foram impactados com essa medida.

Já no grupo de empresas que indicaram impacto negativo na sua receita durante este período, a tendência nesta medida de demissões segue a linha que vimos no recorte B2C. Nesse caso, 49,6% dos respondentes destacaram que houve impacto negativo no tamanho da equipe, com 46,6% não sofrendo esse impacto e apenas 3,8% indicando que realizaram contratações.

Impacto no tamanho da equipe – Empresas com impacto positivo na receita
Impacto no tamanho da equipe – Empresas com impacto negativo na receita

Transformação digital: o impacto da crise em acelerar tendências de digitalização das PMEs

A crise que vivemos tem uma característica diferente de outras: ela começa de uma crise sanitária, que tem diminuído o fluxo de pessoas fora de suas residências. Se por um lado o consumo diminui, a tendência é que pessoas que antes compravam em lojas na rua ou empresas que faziam visitas a clientes, pelo menos durante a crise, passassem a realizar compras ou negociações remotamente, seja pela internet, telefone ou outro meio.

Ainda que as preocupações das empresas estão principalmente em relação a aprimorar os processos de marketing e vendas e ao fluxo de caixa, migrar para ambientes digitais é o terceiro tópico mais relevante dentre os nossos entrevistados.

Dentre os planos de contingência acionados que devem ser adotados de forma permanente, fica evidente que a crise impacta os principais pilares de um modelo de negócios: “Desenvolvimento e lançamento de novos produtos/serviços” é o citado por 2 em cada 3 empresas, enquanto “Migrar o modelo de vendas / atendimento para online / delivery” é o segundo que tende a ser adotado de forma permanente pelas empresas.

Falando especificamente deste plano, há ainda uma divisão clara no mercado se tratando da média geral: 52,4% das empresas não mudaram seu modelo de venda para o ambiente digital, enquanto os outros 47,6% sim. Desses últimos, 36,5% indicaram na pesquisa que devem adotar essa mudança de forma permanente.

Adoção de plano de contingência – Migração do meu modelo de vendas/ atendimento para online e/ou delivery

Com base nos dados dos entrevistados, o mercado B2C adotou essa medida em proporção maior quando comparado ao B2B. O total de PMEs que vendem diretamente para pessoas físicas e que adotaram essa medida soma 59,9%, com 46% indicando que a mudança deve ser de forma permanente. Essa é uma ação que terá reflexo claro na forma de consumo e de venda.

Adoção de plano de contingência – Migração do meu modelo de vendas/ atendimento para online e/ou delivery – Empresas B2C

Diversos bares, restaurantes e demais empresas do segmento alimentício passaram a suprir a demanda do público a partir dos sites, aplicativos e até mesmo usando redes sociais como Instagram e WhatsApp. Farmácias estão enfatizando a entrega em domicílio. Outras empresas estão apostando no modelo drive-thru para entregar produtos para os clientes que esperam nos carros.

No contexto geral, as empresas estão adaptando seus modelos de entrega para limitar o contato físico com os clientes. Isso deixou claro que funcionar apenas no modelo online também é uma alternativa viável após o período de pandemia.

Já falando de B2B, essa não foi uma medida acionada para 66,2% dos respondentes, destacando que esse mercado em específico já conta com modelos de venda remoto – como é o caso das empresas que trabalham com o modelo Inside Sales – ou continuam com a mesma estrutura de antes do início da crise.

Adoção de plano de contingência – Migração do meu modelo de vendas/ atendimento para online e/ou delivery – Empresas B2C

Apesar de não termos levantado especificamente com os respondentes, analisamos a base de clientes da RD. É possível perceber nos indicadores de tráfego e envio de email que neste período de crise houve um crescimento acelerado.

Variação do tráfego em 2020
Variação do envio de emails em 2020

Essas métricas mostram que o volume de buscas e acessos mensais aumentou, assim como a comunicação das empresas com seus clientes através do canal de Email Marketing.

PMEs: trabalho remoto é um dos planos de contingência mais acionados durante a crise

Talvez você esteja lendo o resultado desta pesquisa na sua casa por conta do modelo de trabalho remoto. Na pesquisa, 76,4% das empresas declararam que o uso de trabalho remoto e horários flexíveis foi uma medida adotada neste período de pandemia, e por isso muitos profissionais estão agora trabalhando da sua própria casa.

Mesmo que para muitas empresas, apenas uma parte da equipe tem condições de estar remotamente, a tendência do trabalho remoto foi adotada por muitas empresas que, em um contexto normal, não teriam feito a mudança. A maior parte, 47,5%, indicaram que a adoção dessa modalidade de trabalho será mantida apenas enquanto a crise perdurar.

Entretanto, para 28,9% das empresas, a tendência de trabalho remoto deve ser integrada permanentemente na operação depois que a vida voltar a um patamar próximo do que tínhamos antes. Vale ressaltar que as taxas entre os modelos de negócio B2B e B2C não tiveram divergência no resultado da pesquisa.

O mesmo acontece quando fazemos o recorte de empresas que tiveram impacto negativo na sua receita durante esse período.

Já selecionando as empresas que tiveram impacto positivo na sua receita, que representam um grupo menor de empresas, o percentual de PMEs que indicaram que não acionaram essa medida sai da média de 23,7% e sobe quase 5 pontos percentuais, chegando a 28,5%, mas ainda ressaltado que a maioria, 72,1%, seguiu com esse plano para o período.

Adoção de plano de contingência – Trabalho remoto e horários flexíveis – Empresas com impacto positivo na receita

Já quando analisamos o recorte por tamanho de empresa, levando em conta o tamanho do quadro de colaboradores, fica claro que as maiores organizações – que contam com times acima de 200 pessoas – tiveram uma proporção maior de adoção dessa medida, chegando a 92,2% que acionaram esse plano.

Adoção de plano de contingência – Trabalho remoto e horários flexíveis – Empresas com mais de 200 funcionários

Nas PMEs que contam com um quadro de 2 a 200 colaboradores, a distribuição percentual permaneceu a mesma da média geral.

A pandemia causou um movimento de trabalho remoto sem precedentes em todo o mundo, forçando muitos funcionários de escritório a se adaptarem rapidamente ao trabalho e colaboração remotos. Embora o futuro pós-coronavírus ainda não esteja claro, essa tendência pode ser um marco no mercado, mesmo com o possível relaxamento das medidas de distanciamento social nos próximos meses.

PMEs estão negociando contratos com fornecedores e cortando despesas não essenciais

O fluxo de caixa é um dos principais pontos de atenção para as empresas nesse momento de crise. Com a queda na receita recorrente, uma das primeiras medidas tomadas é rever suas despesas para encontrar contratos que podem ser negociados, suspensos ou cancelados.

Na pesquisa, 49,7% das empresas já acionaram o plano de renegociação enquanto a crise perdurar. Mas somando com as empresas que devem adotar de forma permanente, prevendo os problemas que vão enfrentar daqui para a frente, esse percentual sobe para 65,6%.

Adoção de plano de contingência – Renegociação de prazos ou pagamentos dos contratos com os fornecedores

Fazendo o recorte apenas com as PMEs do segmento de Varejo pequeno comércio, que no geral se enquadram nos grupos mais afetados pelas medidas de quarentena e distanciamento social, o total de empresas que fizeram esses cortes sobe para 71,2%, deixando claro que a queda na receita impacta diretamente na urgência de renegociar os contratos com fornecedores.

Adoção de plano de contingência – Renegociação de prazos ou pagamentos dos contratos com os fornecedores – Empresas do segmento Varejo ou Pequeno Comércio

Por conta das mudanças ocorridas neste período, é importante que os fornecedores flexibilizem os contratos e pagamento tendo em vista a necessidade das empresas se adequarem e garantirem os compromissos com seus colaboradores.

Essa mudança de mercado vem proporcionando o surgimento de novas formas de pagamento, como por exemplo a renegociação de taxas fixas para o pagamento por uso. A mudança do pagamento sai de uma taxa mensal para uma opção de pagamento conforme o uso do serviço.

Reduzir as maiores despesas é o caminho mais seguro com o fluxo de receita reduzido. E nesse caso, a maior despesa fixa provavelmente é o aluguel do espaço físico. A aproximação do proprietário para obter uma solução alternativa ou a redução dos valores é uma ação mais que necessária neste momento, como mostra a pesquisa.

Perguntados se foi adotada a medida de cortes de despesas de infraestrutura, como é o caso do aluguel e gastos de condomínio, 74,6% dos respondentes indicaram que a crise já afetou a organização a ponto de adotar essa medida. Dentre eles, 41,9% indicam que a medida foi feita enquanto a crise perdurar, mas 32,7% já apontam que a alternativa foi implementada e deve ser permanente.

Adoção de plano de contingência – Cortes de despesas de infraestrutura (aluguel, gastos de condomínio, outros)

A maioria das PMEs adotou a política de aplicação de descontos ou flexibilização de contratos para reter sua base de clientes

O corte de despesas mostra apenas um lado das medidas adotadas pelas PMEs neste período. Para conseguir manter a sua base de clientes e garantir uma parcela da sua receita, as empresas também estão adotando políticas de desconto ou de flexibilização de contratos com os seus clientes durante a crise.

Reter clientes é mais barato do que adquirir novos, e por isso o processo de envolver a sua base para continuar consumindo os produtos ou serviços já é uma ação implementada por 53,3% dos respondentes enquanto perdurar a crise, ficando na lista de principais medidas adotadas dentro do plano de contingência. Somando com aqueles que também adotaram e devem manter de forma permanente, o percentual sobre para 69,6%.

Adoção de plano de contingência – Política de descontos/flexibilização de contratos para retenção da base de clientes

Diversos segmentos ficaram acima dessa média geral de aplicação de descontos ou flexibilização. No setor de Software e Cloud, 77,1% das PMEs implementaram essa medida enquanto perdurar a crise ou adotaram de forma permanente. Isso comprova que essa área de atuação depende ainda mais da retenção, já que se caracterizam por oferecer soluções que muitas vezes funcionam no modelo de assinatura, com pagamentos recorrentes. Essas empresas não podem correr o risco de sofrer com um alto volume de cancelamentos no período.

Adoção de plano de contingência – Política de descontos/flexibilização de contratos para retenção da base de clientes – Empresas de Software e Cloud

O segmento de Mídia e Comunicação também conta com um volume alto de PMEs que adotaram essa medida, chegando a 80,9% dos respondentes. O recorte das empresas deste segmento que adotou a estratégia de desconto ou flexibilização com a visão de que deve ser uma ação permanente é de 14,9%.

Adoção de plano de contingência – Política de descontos/flexibilização de contratos para retenção da base de clientes – Empresas de Mídia e Comunicação

Fazendo o recorte apenas com as PMEs do segmento de Varejo pequeno comércio, que no geral se enquadram nos grupos mais afetados pelas medidas de quarentena e distanciamento social, o total de empresas que fizeram esses cortes sobe para 71,2%, deixando claro que a queda na receita impacta diretamente na urgência de renegociar os contratos com fornecedores.

Adoção de plano de contingência – Política de descontos/flexibilização de contratos para retenção da base de clientes – Varejo ou Pequeno Comércio

Com o recorte relacionado ao volume de empresas que tiveram impacto negativo ou positivo na receita, há diferenças relevantes quando tratamos dessa medida. Entre os que responderam que houve impacto negativo na receita da empresa, só 27% não acionaram a política de desconto neste período de crise.

Adoção de plano de contingência – Política de descontos/flexibilização de contratos para retenção da base de clientes – Empresas com impacto negativo na receita

Já quando analisamos o recorte de empresas que tiveram impacto positivo na receita mesmo neste momento de crise, o percentual de respondentes que destacaram que não acionaram a medida de desconto ou flexibilização sobre para 41%. Mesmo assim, 44,9% já acionaram enquanto a crise perdurar.

Adoção de plano de contingência – Política de descontos/flexibilização de contratos para retenção da base de clientes – Empresas com impacto positivo na receita

Principais necessidades

O impacto que a crise traz faz com que rapidamente boa parte das empresas tomem medidas na tentativa de suavizá-lo. Ainda por conta deste impacto, surgem novas necessidades, que não estavam previstas no planejamento inicial para o ano de 2020. A dificuldade em prever a duração da crise faz com que as necessidades sejam diferentes para cada negócio. Por exemplo, muitos restaurantes adotaram o sistema de delivery para continuar atendendo seus clientes. Logo se vê a necessidade de trazer parte da experiência para o remoto, como o cardápio e meios de pagamento. À medida que a crise se estende, a comunicação de novos pratos ou tipos de serviço se faz por meios digitais, como as redes sociais e websites. Essas necessidades são abordadas por nós nesta seção.

Metade das PMEs precisa buscar crédito nos próximos meses para pagamento de salários e fornecedores

Para muitas empresas, ficou evidente a necessidade de flexibilizar o trabalho remoto, ou de aumentar a frequência de reuniões ou até aumentar a cadência de contato entre líderes e liderados. Muitas delas também já experimentaram novas formas de vendas. E essa nova forma de atuação parece ser benéfica e com diversos aprendizados para as PMEs. Ainda assim, muitas empresas precisam adequar para que as tarefas de rotina sejam passíveis de serem executadas sem a necessidade de interação física (é o caso, por exemplo, da assinatura de documentos e contratos, que algumas empresas levam para o digital).

A partir do momento que novas medidas são colocadas em prática, surgem outros pontos de necessidade que não foram previamente mapeados. Como auxiliar as equipes para fazer a migração para o trabalho remoto? Quais ferramentas faltam para lidar da melhor maneira com esse período? E há necessidade de recorrer a algum tipo de ajuda financeira para garantir a disponibilidade de caixa?

À medida que as empresa percebem o real impacto no mercado, elas descobrem que suas necessidades podem mudar. Como vimos, a medida de cancelamento de contratos pode impactar toda uma cadeia de empresas.

Entendendo essas necessidades, as PMEs devem agir de forma rápida para se adaptar, e o que você verá a partir de agora são os principais pontos que fazem parte dessa nova rotina de planejamento e execução.

PMEs consideram ‘Marketing e Vendas’ e ‘Fluxo de Caixa’ como tópicos mais relevantes

Esta crise de 2020 está proporcionando grandes mudanças no mercado. Poucas áreas de atuação permanecerão da mesma forma, sem uma reestruturação focada na Transformação Digital.

Já estamos vivendo um momento onde digitalização, agilidade e automação são as palavras de ordem para esta nova era de negócios. E aqueles que possuem a intenção de utilizar recursos para fazer esse movimento agora sairão na frente quando o mercado reabrir com mais força.

A crise atual mudou a natureza de vários negócios, desde terapeutas conversando com pacientes em salas de conferência virtuais privadas por vídeo, profissionais de saúde que estão usando a telemedicina como forma de superar as barreiras do atendimento físico, até os professores, ministrando aulas por videoconferência. Mas o que as PMEs ainda elencam como prioridades para o momento?

Na lista de tópicos mais relevantes para o momento, “Melhorar Marketing e Vendas” está no topo da lista, com 71% dos respondentes indicando essas prioridades, seguida por “Fluxo de Caixa”.

Quais são os tópico mais relevante para as PMEs?

Para reforçar essa relevância, podemos ver no mercado que o cenário de marketing, principalmente no âmbito digital, está cada vez mais ligado aos objetivos de venda para os negócios durante a crise. Os profissionais da área continuam trabalhando, mesmo que de forma remota, para continuar fortalecendo a presença digital das PMEs.

A crise afetou o plano de captação de recursos para mais da metade das PMEs

Dentre as principais necessidades, a pesquisa buscou entender se a crise afetou ou não o plano de captação de recursos financeiros das PMEs. O resultado constatou que sim: 54,2% das empresas tiveram interferência da crise na captação de recursos.

Impacto nos planos da empresa em captar recursos

Dentre os respondentes que tiveram algum tipo de impacto, 29% indicaram que a crise gerou a necessidade de captar investimentos antes do que estava planejado ou acelerou o processo de captação. Outros 25% alteraram o plano de captação para um momento pós crise ou tiveram o processo em andamento adiado ou cancelado.

Maneira que a crise impactou nos planos de captação de recursos

Essa ação deixa exposta a necessidade atual de encontrar novas formas para alimentar o caixa e arcar com os compromissos para esse grupo. No futuro, essa ação que surgiu fora do planejamento inicial do ano pode impactar as finanças das PMEs por muito mais tempo, já que terão que arcar com o pagamento dos créditos realizados durante o período.

Além desses recortes, 27,1% afirmaram que a crise atrasou a captação para um momento pós-crise, seja essa uma decisão do futuro devedor (empresa) ou credor (banco). Por fim, 19,4% das PMEs estavam em processo de captação, mas a crise afetou diretamente o processo, sendo esse adiado ou até cancelado.

Essa tendência média de resultados se manteve a mesma nos possíveis recortes de modelo de negócio, impacto na receita ou segmentos. Fica claro que a crise está afetando os processos de captação de recursos, mas vale lembrar que a decisão de busca por crédito não é um fator único ou exclusivo para essa mudança de plano das PMEs. Muitas já tinham planos de captar antes da crise.

1 em cada 2 PMEs precisa buscar fontes de financiamento nos próximos meses

Com todo o impacto da crise que vimos até aqui, principalmente nessa captação de recursos, utilizamos a pesquisa para questionar se as empresas têm a necessidade de recorrer a outras formas de financiamento, na perspectiva de entender se isso é necessário para conseguir superar o momento até a esperada retomada das vendas no fluxo que existia antes da pandemia.

E os dados apontados pelos entrevistados mostram que 56,5% precisa recorrer a fontes externas de financiamento nos próximos meses.

Precisa buscar fontes de financiamento nos próximos meses?

Dentro desse grupo de empresas que precisarão recorrer a essa medida, a busca pelo crédito bancário para capital de giro é a principal alternativa para este momento. Mais de 72,2% dos entrevistados que irão buscar fontes de financiamento apontaram esse como o caminho encontrado para ter acesso a crédito.

Indicadores de quem vai buscar fontes de financiamento nos próximos meses

Entre as outras opções listadas, também vemos indicadores importantes apontados entre as empresas que estão com a necessidade de buscar fontes de financiamento. 24,8% das PMEs apontaram que a alternativa adotada para suprir essa necessidade será a partir da venda de participação societária, abrindo mão de parte da empresa para contar com esse rendimento, seja por meio de venture capital, private equity ou outras modalidades.

Há também a parcela de 12,3% das PMEs que demonstraram a necessidade de buscar pelas fontes de crédito para realizar grandes financiamentos, como a aquisição de bens, sejam imóveis, equipamentos, máquinas ou veículos. Por fim, 9,9% apontam que o financiamento será feito a partir da antecipação de recebíveis ou usando Fundo de Investimento em Direitos Creditórios – FIDCs, e 7,6% ainda indicam que o financiamento será feito com outras fontes além das que foram listadas.

Esse cenário muda com o recorte de empresas que atuam no segmento de Varejo, Pequeno Comércio, Eventos, Turismo e Lazer. Para essas PMEs, 65,4% pretendem buscar um fonte de financiamento, sendo que 81,03% desse grupo já consideram o crédito bancário para capital como forma de financiamento.

Busca por fontes de financiamento – Eventos, Varejo ou Pequeno Comércio ou Turismo e Lazer
Busca por fontes de financiamento – Eventos, Varejo, Pequeno Comércio ou Turismo e Lazer

Isso acontece porque esses foram os segmentos mais impactados pela primeira onda da crise, com as primeiras medidas de isolamento social afetando diretamente essas operações. E como resultado, também devem ser os primeiro segmentos de mercado que sentirão a necessidade de buscar as fontes de financiamento.

A pesquisa também buscou entender os motivos que levam as empresas a sentirem essa necessidade, e o resultado aponta que o objetivo principal, dentre aquelas PMEs que precisam acessar crédito, é arcar com os custos da folha de pagamento dos colaboradores.

Finalidade do Crédito

O resultado de 51,9% de respondentes dentro desse grupo vai ao encontro com a análise anterior sobre a manutenção ou não da equipe. Em seguida vemos a importância de honrar com o pagamento de fornecedores e matéria-prima para só depois encontrar na lista as ações focadas em investimento de fato, com a aquisição de novos clientes, pesquisa e aumento da capacidade de produção.

Já no recorte de empresas que precisam acessar crédito e também tiveram impacto positivo no período de crise, o principal objetivo está na aquisição de novos clientes, seguido pelo aumento da capacidade de produção e do investimento em P&D, com essas ações ficando à frente da finalidade de arcar com a folha de pagamento.

Finalidade do Crédito – Empresas com impacto positivo na receita

E no recorte das empresas que tiveram impacto negativo na sua receita, que equivale ao maior grupo de respondentes da pesquisa, constatamos que a necessidade de buscar financiamento para arcar com os custos da folha de pagamento dos colaboradores sobe para 56,4%.

Finalidade do Crédito – Empresas com impacto negativo na receita

Ferramentas e soluções de tecnologia continuam sendo essenciais para a maioria das PMEs

Tendo em vista os impactos já listados, a pesquisa também avaliou com os respondentes qual a necessidade atual das empresas quando falamos de soluções e ferramentas utilizadas. Para diversos segmentos, são elas que possibilitam todo o trabalho de gestão, marketing e vendas.

Como resultados, a maior parcela dos respondentes indicaram que a escolha foi por manter as ferramentas já utilizadas ou que a ferramenta não faz parte da estratégia.

Situação atual das ferramentas/soluções para as empresas

As ferramentas essenciais, como Website, Software de automação de marketing e vendas, ERP, Videoconferência e Software de gestão de mídias sociais foram aquelas que se destacaram na pesquisa com maior índice de continuidade neste período de crise.

Mesmo com os cortes de custos e contratos, fica claro que essas soluções, que ajudam a manter a presença digital das PMEs e o controle da operação, são fundamentais para a manutenção da comunicação e das vendas para quem já utiliza.

Quais ferramentas foram mantidas durante a crise?

Há uma parcela de PMEs que estão investindo em novas ferramentas. Entre todos os respondentes, 14,5% indicaram que houve investimento em uma nova solução.

As soluções de Videoconferência, que são mais do que essenciais para suprir a demanda de comunicação remota existente hoje, lideram a lista de contratações. De todas as empresas que indicaram a contratação de alguma ferramenta, 48,6% fizeram o investimento nesse tipo de solução, focada na comunicação digital.

Quais ferramentas foram contratadas durante a crise?

Fica claro, pelos reflexos da crise, que a tendência atual é manter o máximo de soluções já contratadas, realizando acordos com os fornecedores para flexibilização de contratos, e não tentar fazer a troca por ferramentas mais baratas. Apenas 6,5% dos respondentes indicaram que houve alguma substituição neste período de crise das ferramentas utilizadas por outra solução de menor custo.

Todo o processo de cancelamento da ferramenta atual, aquisição de uma nova e, principalmente, da implementação, pode custar um tempo precioso que as empresas não podem desprender no momento, já que precisam continuar operando no máximo da sua capacidade.

No momento de crise, a alta do dólar é outro fator impactante no mercado e pode ser um indicativo da necessidade de substituição nas soluções pagas em moeda internacional para as ferramentas nacionais, cobradas em real.

Futuro e prioridade na retomada

Quando falamos de impacto, medidas e necessidades, é inevitável pensar no contexto atual que as empresas vivem. Mesmo com todas as medidas possíveis sendo tomadas, a crise deixará marcas (em alguns casos, bastante profundas) na nossa economia e nas nossas empresas. Temos consciência de que a crise afeta a saúde econômica dos negócios. Para parte das PMEs, o impacto pode ser grande a ponto de encerrar as operações do negócio. Entretanto, para todas aquelas que sobreviverem (e esperamos que esse número seja o maior possível) e para as que estão nascendo neste momento, há perguntas importantes a serem feitas: e agora? Como será o mundo? Quais devem ser minhas prioridades?

Para 85% dos respondentes haverá um longo período de recessão na economia

O futuro da nossa economia depende muito que nossas PMEs, força motriz da nossa economia, estejam preparadas para voltar a crescer, gerando emprego e renda para o país. Nossa equipe buscou entender mais sobre como as PMEs enxergam o futuro e quais as prioridades quando um (provável novo) estado de normalidade for estabelecido.

PMEs concordam que haverá um novo normal

Mesmo com o fim das medidas de isolamento social mais severas, pouco ainda se sabe como será um mundo. Entretanto há indícios de que as PMEs acreditem que teremos um “novo normal”.

Da perspectiva econômica, 85% dos respondentes concordam que haverá um longo período de recessão na economia. Muito provavelmente, a retomada será muito mais lenta do que o período considerado crise ou recessão. Ou seja, a vasta maioria dos entrevistados não espera que a recuperação seja tão rápida.

Quais tópicos os respondentes concordam que serão considerados o “novo normal”

O novo normal muda também a forma de trabalho e deslocamento das pessoas no dia a dia. Dois terços dos entrevistados concordam que “o trabalho remoto será mais incentivado na minha empresa”. É importante reforçar que essa pesquisa foi majoritariamente respondida por líderes (CEOs / sócios / fundadores). Portanto é uma perspectiva dos principais decisores. Muitos já acionaram o plano como contingência na crise e o manterão.

O trabalho remoto é uma prática que evolui e amadurece ao longo do tempo. Muda não só a forma como os colaboradores estabelecem suas rotinas profissionais e pessoais, mas como as empresas lidam com seus rituais e rotina, fornecedores e estrutura física de trabalho. Isso dá uma dinâmica diferente para a estrutura de custos das empresas, que podem ter escritórios físicos menores, ou muitas vezes, nem possuir espaços fixos (e portanto, reduzir as despesas atreladas a esse tipo de investimento). Por outro lado, garantir que os colaboradores terão seus setups adequados é essencial para uma dinâmica que permita o trabalho produtivo.

Por último, a maioria das pessoas discorda que será difícil achar mão de obra qualificada para seu negócio. Essa foi a resposta de 84,6% dos respondentes. É fato: recessões econômicas, geralmente, diminuem a oferta por emprego, tornando o mercado de trabalho ainda mais competitivo da perspectiva do colaborador. Portanto uma macro perspectiva poderia dar margem à conclusão de que não será um desafio encontrar pessoas qualificadas para sua empresa. Entretanto é importante ressaltar: se o mundo será diferente, provavelmente novas funções vão emergir e novas habilidades e conhecimentos serão necessárias. É importante ficar de olho em estratégias de capacitação dos colaboradores e encontrar pessoas que preencham as lacunas para que seu negócio esteja preparado para a retomada.

O novo normal impacta o modelo atual de negócios e gestão das PMEs

Aparentemente, o novo normal também cria um novo perfil de cliente para boa parte das empresas. Mais de 59,2% dos respondentes concordam que precisarão revisar o perfil de cliente. Essa é uma boa provocação que para alguns setores, como o de turismo, já tem gente se mexendo para contar a história de “como viajar durante a pandemia”.

Startup de aviação privada vê crescimento inesperado com novo coronavírus (PEGN, 03.04.2020)

Quais tópicos os respondentes concordam que serão considerados o “novo normal”

O novo normal também exige que as empresas pensem em como estruturar diferentes áreas do negócio. Do ponto de vista de recebimento, por exemplo, muitos clientes já precisaram acionar planos de descontos e flexibilizar prazos de pagamentos durante a crise. E 71% dos respondentes também concordam que os “clientes terão dificuldade de compra/pagamento no curto e médio prazos”. Além das mudanças de prioridades e no perfil de consumo durante a crise, as pessoas (físicas e jurídicas) passam a sofrer com a falta de crédito disponível. Portanto, para alguns, a escolha vai ser também do que deixar e comprar.

Além disso, muitos compradores e consumidores passam a redefinir os critérios ao comprar produtos e serviços das empresas. 3 de cada 4 respondentes concordam que “Meus clientes serão muito mais criteriosos para comprar produtos/serviços meus ou de concorrentes”. Isso significa pedir não só por diferentes condições de pagamentos, mas por produtos e serviços com novas especificações, além de novos modelos de atendimento.

PMEs concordam que precisarão adaptar modelos e processos

Testar novas estratégias de negócios fará parte do novo normal para 85% dos respondentes

Ao pensar sobre a retomada da economia, as PMEs entendem que o novo normal exige novas abordagens, além de reforçar as atuais. Mais de 85% concordam que precisarão testar novas estratégias para o negócio. Isso inclui mudanças no modelo de negócios, novos produtos, novos canais de vendas e relacionamento. Algumas já estão testando durante a crise e manterão o aprendizado para o futuro. Um bom exemplo aqui é a Numanu, que vendia produtos em carros e agora vende em condomínios:

Startup descobre novo nicho com coronavírus: conveniência em condomínios (PEGN, 10.04.2020)

Quais tópicos os respondentes concordam que serão considerados o “novo normal”

Pesquisa SMB Covid – Crude Report
Dados a partir de 12/06/20 09:45
Filtrado por Segmento (groups) (é Demais Segmentos), Período de Crise – Novo normal (é Marketing de conteúdo será mais representativo na minha estratégia, Meus canais de relacionamento serão primariamente digitais ou Precisarei testar novas estratégias no meu negócio (modelo de negócio, produtos, canais de venda e relacionamento, etc)), Classificação da empresa (é Pequena e Média Empresa ou Microempresa)

Uma tendência que a crise ajuda a acelerar é a transformação digital nos negócios. Em especial para PMEs, o impacto digital se dá principalmente nos canais de presença e relacionamento com clientes (ativos e em potencial). 78% das PMEs concordam que “Meus canais de relacionamento serão primariamente digitais”. Isso significa que a importância do digital será tamanha que a maior parte de investimento será feita em canais e plataformas digitais e que o perfil dos colaboradores precisará estar habituado com as tendências do digital.

Quando pensamos sobre estratégias atuais, marketing de conteúdo continua como uma frente importante de investimento no marketing. 85,7% das empresas concordam que marketing de conteúdo será mais representativo na estratégia da empresa. Ainda que os formatos de conteúdo possam variar (como temos visto, houve aumento no uso de lives/webinar pelas marcas e empresas), fornecer conteúdo de qualidade para guiar os clientes na sua jornada continuará sendo um dos principais diferenciais para conquistar novos clientes.

No futuro, PMEs planejam investir em produtos/serviços e canais de marketing e vendas

Ainda que a retomada seja diferente para cada segmento, região e outros diferentes fatores – portanto única para cada empresa – nós entendemos que a retomada significa, para a maior parte das MEs e PMEs, ter novos produtos/serviços disponíveis para o “novo normal” e dar visibilidade ao portfólio de soluções através de investimento em canais de marketing e vendas. Boa parte das empresas fará uso de canais digitais para o lançamento de novos produtos/serviços.

85,4%concordam que:
Precisarei testar novas estratégias no meu negócio (modelo de negócio, produtos, canais de venda e relacionamento, etc)

85,1%concordam que:
Haverá um novo mercado de eventos online. Webinars e podcasts também acontecerão com mais frequência.

85,7%concordam que:
Haverá um longo período de recessão na economia antes de que ela volte a crescer.

Conclusão

Nosso objetivo é dar uma visão ampla do ambiente de PMEs e scale-ups no Brasil. Buscamos apresentar, com profundidade, dados que evidenciem o impacto do Covid-19 até agora nas PMEs, as principais medidas tomadas pelas empresas, as necessidades ainda existentes e como as empresas enxergam o futuro e se preparam para a retomada.

O impacto da crise nas PMEs é majoritariamente negativo

Como reflexo do que temos acompanhado ao longo dos últimos meses, as restrições sociais geradas pelo Covid-19 impactaram negativamente a maioria das PMEs. Do total de respondentes, 77,7% tiveram impacto negativo em suas receitas. Por conta disso, olhar para o caixa da empresa passou a ser uma tarefa fundamental. Se o cenário atual de crise se mantém, metade das PMEs têm menos de 6 meses de disponibilidade de caixa. E ter caixa para sobreviver esse período de incertezas é o maior desafio das microempresas e PMEs. Se por um lado encararam uma queda brusca na receita, por outro lado tiveram que se adaptar repentinamente para novos modelos nos quais se modernizar virou regra e não opção.

A transformação digital de muitas empresas foi acelerada e passou a ser um tema discutido nos mais diferentes segmentos e tipos de negócios. Termos, já comuns para empresas modernas, como home-office, atendimento online e entrega por plataforma de delivery, passaram a ser obrigatórios até para as empresas e modelos de negócios mais tradicionais. Mais da metade dos respondentes da pesquisa afirmaram que desenvolver/lançar novos produtos é um plano de contingência já adotado. Entretanto, há um perfil que se sobressai nessa crise: são as scale-ups, que apesar da grande dificuldade em acessar capital no Brasil, pela falta de garantias ao tomar empréstimos ou por serem negócios inovadores que não se encaixam nas linhas de financiamentos tradicionais, estão sofrendo um pouco menos os efeitos da crise, de forma geral. 48,7% das scale-ups ainda estão contratando novos colaboradores e o impacto na receita, em comparação com as demais PMEs, foi 11,5% menor.

Reduzir despesas é uma das principais medidas tomadas pelas empresas até agora

Nos primeiros meses da crise, 3 a cada 4 PMEs tiveram que reduzir o orçamento de despesas. Mesmo aquelas empresas que ainda não tiveram suas receitas operacionais impactadas pela crise revisaram o orçamento. Por consequência disso, algumas decisões difíceis foram tomadas por empreendedores. Entre elas, 41,4% das empresas tiveram que demitir seus colaboradores. As empresas B2C sofreram ainda mais, já que 49,2% tiveram que reduzir o número de colaboradores de suas empresas.

Em muito casos o trabalho remoto passou a ser obrigatório, mais de 75% das PMEs adotaram esse modelo. Com essas mudanças repentinas, novas formas de vendas e atendimento começaram a ser implantadas, muitas delas migraram para modelos de delivery e online e indicam que essa deve ser uma medida permanente: 48,1% mudaram seu modelo de vendas para o ambiente digital e 36,5% já dão sinais de que devem adotar essa mudança de forma permanente.

Como já sabemos, preservar o caixa passou a ser fundamental. Como consequência disso, 65,8% das empresas já renegociaram contratos e cortaram despesas não essenciais. Em contrapartida, 53,4% já adotaram política de desconto o renegociação de contratos para manter seus clientes durante a crise.

Ainda antes de se preocupar com o fluxo de caixa, melhorar Marketing e Vendas aparece no topo da lista de maiores preocupações, com 71% dos respondentes indicando essa prioridade. Para as empresas que investiram em novas tecnologias, 48,9% das empresas pretendem contratar ou contrataram ferramentas de Videoconferência, seguidas por Software de Automação de Marketing e Vendas e Softwares de Gestão de Mídias Sociais.

Acessar capital é uma das principais necessidades das empresas

Fica evidente, diante as mudanças causadas pela crise, que acessar crédito passou a ser uma necessidade urgente. Metade das das PMEs precisará buscar financiamento nos próximos meses, seja ele para capital de giro, pagamento de fornecedores e principalmente folha de pagamento. O estudo constatou também que 45,7% já planejavam acessar capital antes da crise.

A transformação digital, tanto falada até aqui, nos traz dados interessantes: 14,5% das PMEs já fizeram investimentos em novas ferramentas. Para se ter uma ideia, as PMEs que trabalham no modelo de B2C buscaram soluções de Loja Virtual ou Ecommerce, porém 50,9% ainda não possui comércio online. Trocar de ferramentas ou tecnologia durante a crise também não parece ser a melhor opção. A maioria das PMEs preferiu manter as ferramentas atuais e renegociar os contratos existentes a ter que contratar alternativas mais baratas.

Após a crise, será preciso testar novas estratégias para o negócio

Há uma percepção comum a quase todos os respondentes desta pesquisa: o mundo como conhecemos está se transformando e haverá um “novo normal” após o Covid-19. Com essas mudanças há uma previsão de que haverá um longo período de recessão na economia, de acordo com 85% dos respondentes que concordaram com essa afirmação. Há um grande número de respondentes, 71%, que também concordam que os “clientes terão dificuldade de compra/pagamento no curto e médio prazo”.

Assim, mais de 85% disseram que vão precisar testar novas estratégias para o negócio. Isso inclui mudanças no modelo de negócios, novos produtos, novos canais de vendas e relacionamento.

O relacionamento com os clientes também será essencial. 78,2% das PMEs concordam que “Meus canais de relacionamento serão primariamente digitais” e 85,8% das empresas concordam que “marketing de conteúdo será mais representativo na estratégia da empresa”.

Como falamos no começo do estudo, queremos que, com o estudo em mãos, gestores e líderes, não só de PMEs, possam refletir e tomar decisões levando em conta os fatores acima citados. Pois o futuro da nossa economia depende muito que nossas PMEs, força motriz da economia, estejam preparadas para voltar a crescer, gerando emprego e renda para o país.

Sumário