No mês de março, o Blog da Resultados Digitais promove uma série de posts semanais com “Histórias de Empreendedoras”. Convidamos mulheres para compartilharem suas trajetórias de empreendedorismo e inovação.
Em vez de ler, que tal ouvir a história? Experimente no player abaixo:
Sou filha e neta de duas mulheres incríveis que, talvez, por terem aberto mão da carreira em nome da família, sempre incentivaram a mim e minhas irmãs a estudarmos e sermos independentes. Devo ter ouvido a frase “o melhor marido de uma mulher é um bom emprego” uma centena de vezes e, claro, confiei nelas.
O que talvez minha mãe não esperasse é que a minha ideia de “bom emprego” era bem diferente da dela. Sou de uma família de funcionários públicos. Meu bisavô foi desembargador, meus dois avôs funcionários da Caixa Econômica Federal, assim como meu pai, que acumula 35 anos na empresa, todos os meus tios e minhas duas irmãs também são funcionárias públicas.
Sou a primeira empreendedora da família e a primeira a trabalhar com tecnologia. Vocês devem imaginar que não foi fácil convencer as pessoas de que minha felicidade estava em um caminho um pouco diferente do que eles estavam acostumados há 4 gerações. Embora não fosse o que eles imaginavam, minha decisão sempre foi respeitada (por muito tempo fui avisada quando abria um concurso da Caixa) e admirada.
A frustração transformada em oportunidade
Sou formada em administração pela Esag, em Florianópolis, e fiz parte da empresa júnior da faculdade, a Esag Jr.. Foi lá que aprendi a amar a carreira que tinha escolhido e tracei os primeiros passos da minha trajetória profissional. Meu plano, como da maioria dos esaguianos na época, era fazer um trainee, ir para São Paulo, passar 5 anos lá e voltar para Florianópolis e empreender.
Pensando nisso, arquitetei cada passo meu pensando nisso, morei por um período nos Estados Unidos para aprimorar o Inglês e ter experiência internacional e, quando voltei, me formei, me inscrevi nos processos seletivos das empresas que mais me identificava e veio a frustração de não passar em nenhum dos processos.
Isso me fez antecipar meus planos e abrir minha primeira empresa, a Pronovo Projetos. Lá, eu fazia projetos relacionados a área de marketing, como pesquisas, planos de marketing e comecei a estudar sobre o comportamento do consumidor e varejo.
Ajuda do ecossistema de Floripa
Eu gostava da Pronovo, mas eu nunca fui uma pessoa muito vendedora, e ter que vender projetos todos os meses, sem recorrência, era algo que me incomodava. Nessa época (2012), começou a se fortalecer o ecossistema de startups em Florianópolis. Confesso que fui atraída muito mais pela ideia de recorrência do que pela tecnologia em si.
Aliás, uma vez participei da elaboração de um plano de marketing de uma empresa de tecnologia e não entendia 90% das coisas que eles falavam. Falei pra mim mesma “eu nunca vou trabalhar com isso na minha vida”; a vida é engraçada.
O começo da Smarket
Depois de estudar bastante os temas que envolviam minha ideia (supermercado, promoções e tecnologia), decidi visitar uma empresa de tecnologia, que desenvolvia software para empresas — e foi assim que a Smarket começou. Pensando no produto, foi uma péssima decisão, código ruim, caro, demorado, mas se não fosse assim, talvez eu nunca tivesse coragem para começar.
Era um mundo completamente novo pra mim — sou administradora e não tinha um sócio de tecnologia — e não me sentia segura em contratar um programador. Foi um caminho ruim, mas na época parecia razoável e suficiente para um MVP.
E, como mágica, depois que comecei a me envolver e entender algumas coisas no mundo da tecnologia, comecei a me apaixonar e ver que eu levava jeito pra coisa. Até hoje, sou responsável pelo produto da Smarket e adoro aprender com os programadores coisas novas.
Seu recado para outras mulheres: a tecnologia também é feminina
Me orgulho da minha trajetória e é uma honra pra mim poder inspirar mulheres a empreenderem e entrarem no mundo da tecnologia. Acredito que os desafios das mulheres na tecnologia são enormes, assim como em qualquer setor com predominância masculina.
Entretanto, para mim, o maior desafio é fazer com que as mulheres confiem na sua capacidade e acreditem que a tecnologia é sim pra elas. Para isso, é preciso que as mulheres quando novas, sejam incentivadas pelos familiares e escola e que, esse incentivo continue pelas empresas.
Esses dias, ouvi uma palestra da Sonia Hess de Souza e ela comentou que, para garantir a diversidade das empresas, alguns lugares omitem a informação de nome e Universidade, ou seja, só importa o que a pessoa fez e não quem é.
Por fim, gostaria de citar algumas mulheres e amigas, no setor de tecnologia que admiro:
Dani, CEO da Paytrack: Que guria incrível! Inteligente, focada, incansável e ainda trabalha com o marido! Dani, você me inspira a ser mais agressiva, ligar o f***-se e ir pra cima.
Lívia, CEO da Cuco Health: Tão nova e tão determinada! Um exemplo pra muitas mulheres, equilibra vida pessoal e profissional. Trabalha demais e nos enche de orgulho! Lívia, você me ensina a acreditar no sonho e a valorizar a minha equipe!
Lilian, Manager de Customer Marketing da RD: Sou apaixonada pela Lilian! Muito conhecimento com pitadas de sarcasmo! Lilian, você me mostra como é importante continuar aprendendo e estudando.
Fabi, CTO da Cuco Health: Ainda não a conheço, mas já sou fã! Posso imaginar os desafios que ela passou até chegar onde está. Fiquei tão feliz quando vi que a CTO do Cuco era uma mulher foda, que faço questão de citá-la aqui pra inspirar as mulheres a entrarem pro mundo da tecnologia.