A produção de conteúdo é um dos principais pilares da estratégia de Inbound Marketing de uma empresa. Mas como seu negócio pode refletir o seu posicionamento e também os valores em que acredita por meio dos materiais que produz? É aí que entra a importância do manual de redação.
Um recurso muito utilizado por jornais e revistas, o manual de redação é um documento que contém orientações direcionadas a quem produz conteúdo para você – podem ser colaboradores internos, freelancers, guest posts, produtores terceirizados.
Como o conteúdo pode ser feito por várias pessoas, que trabalham em diferentes áreas e têm diferentes formações, a ideia é padronizar a comunicação e manter uma unidade através dos diferentes canais para os quais o material é destinado.
Assim, o manual de redação pode ajudá-lo na tarefa de manter a harmonia do conteúdo, garantindo que o blog e seus outros canais fiquem cada dia mais profissionais.
O que um manual de redação deve conter
Um manual de redação deve conter todas as informações necessárias para que seu conteúdo seja escrito de forma padronizada – desde para quem o material se destina até dicas de estilo, gramática etc.
A abrangência do seu manual de redação pode variar de acordo com a necessidade da sua empresa, mas aqui estão alguns itens que vale a pena detalhar:
1. Gramática
Uma forma bem prática para estabelecer um padrão na escrita é utilizar um manual de redação conhecido como referência, para, a partir dele, sinalizar alguns pontos que sua empresa costuma tratar de forma diferenciada.
Por exemplo, você pode utilizar como base o Manual de Redação do Estadão, um dos mais utilizados por jornalistas, para fazer consultas rápidas e esclarecer dúvidas sobre gramática, a forma correta de abreviar pesos e medidas, o uso da crase, entre outras.
No entanto, é interessante montar sua própria lista sobre algumas particularidades da escrita em seu blog, como:
- O que é abreviado?
- O que é escrito em maiúscula?
Aqui vale listar todas as palavras que tenham tratamento diferenciado em sua empresa. Aqui, na Resultados Digitais, escrevemos de forma diferente os seguintes termos: eBook, Email Marketing, Landing Pages, Leads, só para citar alguns exemplos.
Fique à vontade para atualizar o guia, adicionando novas regras à medida que as dúvidas forem surgindo. Mais importante do que ter um único guia em que se basear, é montar um material que seja consultado por toda a equipe de autores e que possa garantir a unidade da redação.
2. Personas
Já falamos em outra oportunidade aqui no blog sobre a importância de criar personas para orientar a sua produção de conteúdo editorial. A partir do momento que sua empresa tem as características principais de seu cliente médio bem definidas, fica mais fácil saber para quem você está escrevendo.
Procure listar algumas dessas características que fazem a diferença no entendimento do conteúdo, por exemplo:
- Qual a idade do público leitor?
- Qual a escolaridade média?
- Que tipo de informação ele procura?
Muitas perguntas que surgem normalmente durante a redação de um post são facilmente respondidas se os colaboradores estão familiarizados com o perfil dos leitores.
3. Estilo e tom
Por não ser tão exata quanto o “certo” e “errado” da gramática ou tão “palpável” quanto o público leitor, essa parte de descrever qual o estilo ou tom do blog é um pouco mais difícil, mas também tem sua importância para estabelecer a harmonia entre os textos produzidos.
Você deve definir, por exemplo, se o texto pode ser redigido em primeira pessoa, se é permitido o emprego de jargões do seu setor, entre outros fatores que têm influência direta no estilo do conteúdo.
Um jeito prático de definir a “pegada” da redação é deixar explícito aos colaboradores como o material deve “soar” para o público. A lista abaixo pode ajudá-lo a enquadrar a produção num estilo específico:
Como o seu conteúdo deve ser percebido?
- Deve parecer uma conversar informal?
- Ter caráter educacional, ou seja, mais didático, fugindo de jargões?
- Pode ter um estilo acadêmico, com conteúdo mais aprofundado?
- É permitida a utilização de humor?
- Pode ser irreverente?
- É recomendado ter uma pegada mais artística?
- Deve ser mais objetivo?
- É preferível que o texto seja mais sofisticado?
Se existem ainda características de estilo que o seu blog não deva apresentar de jeito nenhum, é recomendado listá-las para deixar mais claro possível o tom desejado.
4. Estrutura de conteúdo
Além de deixar claro para seus colaboradores como empregar melhor os termos, para quem escrever e com que estilo, também é de grande valia orientar a equipe a respeito das diversas estruturas de conteúdo que podem ser utilizadas.
Dentre as opções abaixo, quais seriam interessantes ter em seu blog?
- Guias de como fazer
- Lista de melhores/ maiores
- Debates sobre temas controversos
- Conteúdos divididos em série
- Notícias sobre sua empresa ou setor
- Entrevistas com profissionais de destaque da área
- Infográficos
- Resenhas sobre produtos ou serviços
- Listas de prós e contras de algum tema
- Conteúdo em áudio
- Conteúdo em Vídeo
À medida que você for descobrindo novos formatos de disponibilizar o conteúdo e, principalmente, que perceba que tem boa aceitação, incremente a lista com novas ideias.
5. Imagens
Saindo um pouco da questão do estilo do texto, você pode também padronizar a utilização de alguns elementos visuais, incluindo a padronização da utilização de imagens em seu conteúdo.
Se sua empresa não dispõe de imagens próprias para este fim, pesquise por alguns bancos de imagens que possam ajudar. Claro que, se há orçamento que possibilite a compra de fotos, melhor, mas também é possível conseguir boas imagens gratuitas com a ajuda da busca do site da Creative Commons, por exemplo. Liste os melhores e inclua no guia para facilitar o trabalho de seus redatores.
É importante também detalhar o tamanho em que as imagens devem ser utilizadas, onde devem ficar hospedadas e como elas podem ser disponibilizadas ao longo do material.
6. Formatação
Além do uso de imagens, procure detalhar outros aspectos de formatação do conteúdo, como: em que casos o texto deve ser destacado em bold ou itálico.
Defina como devem ser os parágrafos dos textos. O ideal é que eles sejam 'escaneáveis', ou seja, de leitura rápida e fácil compreensão. Para isso, utilize subtítulos, parágrafos curtos e abuse do negrito para destacar os principais pontos do texto.
E no caso de inclusão de listas, como devem ser os tópicos, por exemplo? Numerados? Em bullet points? Defina os padrões e inclua no seu guia.
7. Fontes recomendadas e não recomendadas
Para produzir conteúdo de qualidade, certamente você deve recorrer a blogs, sites e até livros como referência. Esses materiais, vez ou outra, podem ser citados, sempre que houver necessidade e você quiser enfatizar alguma citação ou tópico em especial.
Facilite o trabalho de seus colaboradores disponibilizando uma lista de sites e blogs do setor que podem servir de referência para a produção de conteúdo. Uma ferramenta que pode ajudá-los nisso é a Netvibes. Inclua no serviço a assinatura RSS dos endereços úteis que podem ser acompanhados por lá.
Também é de grande utilidade fazer uma seleção à parte dos sites do seu mercado para vocês ficarem por dentro do que está sendo falado por aí. Você pode ainda listar os sites que não valem a pena acompanhar, bem como temas polêmicos e tipos de opiniões que devem ser evitados nos textos.
8. Dê exemplos de como fazer e como não fazer
Lembre-se que, como todo bom guia, seu material deve ser objetivo, prático e bastante didático. Quando for possível, inclua exemplos de como fazer e também práticas que devem ser evitadas.
Quanto mais específico for o guia, maior a chance de ter o estilo do blog incorporado no processo de criação de seus colaboradores e, por consequência, de ter um conteúdo mais harmonioso e profissional.
9. Dica extra: checklist da publicação
Para agilizar todo o processo de publicação, documente o passo a passo que os colaboradores precisam fazer na hora de publicar o conteúdo.
Isso vale tanto para onde e como as imagens devem ser hospedadas, como para lembrar do preenchimento do título da página, de títulos e subtítulos (headings), da meta description, da inclusão do “leia mais” para evitar que o post seja exibido por completo na home, etc.
Essas e outras ações parecem pequenas e fáceis de lembrar, mas quem não tem a prática do processo pode acabar deixando de lado e prejudicando a indexação do site ou mesmo a visualização de imagens.
Essa checklist pode ajudá-lo na tarefa de identificar os passos que devem ser documentados.
Como usar voz e tom de voz?
Uma maneira de sua empresa se diferenciar é tendo uma personalidade bem definida. Ter uma posição clara é um ponto que ajuda e muito na aproximação de sua empresa com sua persona, possibilitando a criação de conteúdos cada vez mais alinhados e aumentando sua autoridade.
Dentro disso, para refletir essa personalidade, encontramos duas variáveis: a voz e o tom de voz. Qual é a razão de sua empresa existir? A voz da empresa é uma declaração de missão, de personalidade, e pode ser descrita através de um adjetivo. Encontre os adjetivos que melhor descrevem sua empresa e você terá encontrado a sua voz.
Já tom de voz é a aplicação dessa missão definida pela voz. Uma empresa possui uma voz e muitos tons para refiná-la. Lembrando que a voz é o macro de como você se comunica com seu público ou persona; já o tom é individual através das conversas, dos canais e das interações que sua empresa faz.
Concluindo
Desenvolver um manual de redação vai facilitar o trabalho de quem produz conteúdo para sua empresa e ajudar a manter um padrão nos materiais, enquanto desenvolver sua voz e seus tons de voz vai enriquecer não só a experiência dos seus clientes e Leads, mas também possibilitar que conheçam mais sobre sua empresa e quais valores ela busca passar para seus consumidores.
Lembrando que esse post é apenas uma introdução ao assunto; para se aprofundar no tema, leia nosso Guia prático do manual de redação:
Recentemente, também tornamos público o manual de redação aqui da RD, que pode servir de inspiração na hora de produzir uma versão para sua empresa. Veja um exemplo prático de manual e coloque o conhecimento em prática! :)
E sua empresa, já utiliza este recurso? Conte para a gente nos comentários.