Histórias de Empreendedoras: Nana Lima, sócia da Think Eva e da Think Olga

Nana Lima conta sua trajetória na publicidade e no marketing até chegar ao trabalho com empoderamento feminino

Resultados Digitais
Resultados Digitais15 de março de 2019
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No mês de março, o Blog da Resultados Digitais promove uma série de posts semanais com “Histórias de Empreendedoras”. Convidamos mulheres para compartilharem suas trajetórias de empreendedorismo e inovação.


Em vez de ler, que tal ouvir a história? Experimente no player abaixo:

Olá, eu sou Nana Lima, tenho 35 anos e sou sócia da Think Eva e da Think Olga.

Até hoje, ainda tenho dificuldade para descrever o que faço. “Como assim você trabalha com empoderamento feminino?” é uma das perguntas que mais recebo.

Eu sou publicitária e, na época da faculdade, acreditava que seria diretora de arte. Estagiei em diferentes agências em São Paulo, mas isso gerou a minha primeira incerteza na carreira. Eu não queria trabalhar em agências e nem ser diretora de arte.

Foi então que meu interesse por marketing foi crescendo e decidi focar meus esforços para entrar nessa área. Estagiei em departamentos de marketing de diversas empresas — eu realmente aproveitei a época de estágio para entender onde queria estar, para desespero dos meus pais.

Entendi que queria seguir nessa área, mas sentia a necessidade de trabalhar com um produto que realmente me interessasse. Foi quando decidi seguir na área de moda.

Foram 8 anos trabalhando com marketing de moda, 7 deles em Barcelona, na Espanha. Mudei para lá com 23 anos para fazer uma pós-graduação em Comunicação e Marketing de Moda. O plano era ficar dois anos e voltar para o Brasil, mas a vida decidiu por outro rumo.

Minha primeira oportunidade em Barcelona foi na marca Mango, fast-fashion catalã presente em mais de 90 países. Depois, passei para a Desigual, marca de moda catalã com mais de 300 lojas pelo mundo. Sinto que ambas empresas foram verdadeiras escolas para mim. Atuei como gerente de marketing para Portugal, Ásia e depois Latam.

Trabalhar em empresas que operam em tantas línguas e culturas diferentes era o maior benefício para mim. Inclusive pude viajar a trabalho e conhecer diversos países ao longo desses 7 anos.

Nana Lima - Think Eva e Think Olga

Desafios femininos

Tá, mas e cadê o empoderamento feminino e o empreendedorismo?

Depois de quase 10 anos trabalhando com marketing, eu sentia que precisava aprender ferramentas novas e me inspirar. Decidi, então, fazer um MBA na Esade Business School, em Barcelona. No primeiro dia de aula, me deparei com uma turma de 75 pessoas, mas somente 6 delas eram mulheres.

Durante os 2 anos de duração do curso, eu me sentia o tempo todo fora da minha zona de conforto. Assim, tive que desconstruir algumas certezas para mim. Finanças, por exemplo. Eu sempre odiei exatas. Sempre desviei de qualquer equação e cálculo que envolvesse mais que duas somas. Acreditava cegamente no gerente do banco ao me vender qualquer investimento.

Meu trabalho sempre exigiu uma análise de números bem básica e, não vou mentir, eu aprendi tantas fórmulas no Excel que nunca precisei fazer uma conta de verdade. Porém, não consigo me lembrar do momento exato em que essa certeza entrou na minha vida. Alguém me falou que eu era “ruim de números” ou eu cheguei sozinha a essa conclusão?

Durante o MBA, não tive muito como enrolar: precisei aprender “números” e argumentar resultados para a decisão de compras de empresas e renegociação de dívidas. Eu assumo que estou deixando de contar as infinitas horas que eu passava para solucionar problemas bem básicos.

Isso não aconteceu como nos filmes, onde passa um relógio atrás e, quase sem esforço, a protagonista supera um desafio. Entretanto, passado esse desconforto, eu comecei a ver como nós mulheres temos desafios muito mais complexos. Não somos educadas para lidar com dinheiro e muito menos para estar confortáveis ao ocupar espaços de liderança.

Um convite especial

Durante o meu curso, a Espanha passou por uma das maiores crises econômicas da história, com o desemprego batendo na casa dos 25% da população. Isso fez com que todos os professores sugerissem empreender como uma possível saída. Eu confesso que empreender nunca esteve nos meus planos. Sempre achava que não estava pronta e que precisava aprender muito antes de começar a “errar com meu próprio dinheiro”.

Ao terminar o curso, comecei a pesquisar trabalhos em outros países, mas a saudade do Brasil e da família começava a bater mais forte. Foi quando duas amigas minhas (e hoje minhas sócias) ligaram para contar que estavam abrindo uma consultoria estratégica para marcas se conectarem a mulheres e que queriam que eu fizesse parte.

No momento em que elas me convidaram, muitas questões internas ficaram claras pra mim. Isso foi no final de 2014, e a Think Olga já existia desde 2013 como um hub de conteúdo feminista e com campanhas muito bem-sucedidas, como a Chega de Fiu Fiu.

Já havia algum tempo que eu sentia a necessidade de colocar meu trabalho e inteligência a favor de uma causa, de um bem maior. Eu sempre me identifiquei com as pautas do feminismo, apesar de jamais imaginar poder trabalhar com isso.

Eu não tive dúvida, topei no mesmo dia.

Think Eva e Think Olga

E foi uma das melhores decisões que já tomei na minha vida. Propósito não paga boleto, mas te dá forças quando as coisas não saem como planejado. E empreender é um eterno “trocar a roda enquanto o carro anda”.

Quatro anos e muitos ajustes de rota depois, posso dizer com orgulho que a Think Eva e a Think Olga são duas organizações irmãs com a mesma missão: criar soluções que impactem de maneira positiva a vida das mulheres.

Apesar do mesmo propósito, a atuação das duas é bem diferente. A Eva é uma consultoria estratégica que atua em marcas e empresas por meio de projetos estratégicos ou projetos de educação. A Olga é uma ONG feminista que cria soluções para melhorar a vida das mulheres — e, em consequência, de toda a sociedade.

O meu carinho pelo tema do empreendedorismo feminino vem muito da minha própria vivência ao longo desses quatro anos.

Mentorias para mulheres

Em 2015 eu liderei o Olga Mentoring – Escola de Líderes. Um projeto de mentoria de negócios para mulheres da Think Olga. Foram seis encontros com especialistas, professoras e mentoras. Ao final de todo o processo, as mulheres sairiam com um Plano de Negócio pronto.

Foram selecionadas 8 mulheres, entre mais de 300 inscritas, através de um formulário no qual elas contavam um pouco das suas histórias. Não houve um momento chave que motivou o Mentoring, mas sim vários momentos ao longo da minha carreira que me fizeram ter certeza da necessidade de projetos de mentoria focados em mulheres.

O objetivo não era apenas passar o conteúdo sobre como criar ou melhorar um modelo de negócio. Era entender nossas barreiras internas e externas e criar uma rede de apoio e desenvolvimento profissional feita por e para mulheres.

Mulheres empreendedoras

Apesar de sermos mais da metade dos empreendedores no Brasil, a maioria das mulheres brasileiras ainda empreendem por necessidade, e não por oportunidade. Empreendem para complementar a renda da casa ou por não encontrar um lugar no mercado de trabalho após voltar de uma licença-maternidade.

Após 4 anos nessa jornada, eu enxergo o empreendedorismo como um meio para construir o mundo que você deseja viver, a empresa que você deseja trabalhar e uma oportunidade para agir sempre com coragem, com o coração. Principalmente quando o resultado de todo esse processo é uma sociedade mais justa para todos nós.

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Quem escreveu este post

Resultados Digitais é o portal de conteúdo, mídia e educação da RD Station, líder no desenvolvimento de software (SaaS) voltado para o crescimento de médias e pequenas empresas. Sua plataforma de automação de Marketing e Vendas é líder no Brasil e soma mais de 50.000 clientes, em mais de 40 países.

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