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O ativismo digital vem mostrando resultados positivos quando bem aplicado, mas ainda sofre resistência por parte das ONGs. Muitos acreditam que as práticas de Marketing Digital se restringem às empresas privadas ou que são demasiadamente complicadas para se implementar, mas isso é mito.
Especialmente para as organizações que trabalham com recursos limitados, o Marketing Digital pode ser um aliado muito importante para sua atuação, seja para ampliar a divulgação dos seus projetos, seja para tornar-se uma referência no âmbito da causa defendida, exercer influência sobre os demais setores da sociedade e, consequentemente, atrair mais pessoas para somarem à causa e mais investimentos.
Isso porque, ao contrário do marketing tradicional, todo o seu funcionamento é pautado na análise de dados e na mensuração dos resultados. Métricas como o ROI (Retorno Sobre Investimento) são constantemente analisadas para que a organização tenha certeza se está valendo a pena investir nesse segmento ou não.
Neste post, trago algumas estratégias poderosas que você pode começar a aplicar na organização em que atua para ajudá-la a conquistar seus objetivos e superar os desafios.
Acompanhe!
Identidade da ONG
Antes de partir efetivamente para as estratégias de marketing, a organização precisa ter 3 coisas bem definidas: objetivos, metas e valores/posicionamento. Esses pilares compõem a base de sustentação de todo o funcionamento da instituição e, sem eles, é extremamente complicado desenhar uma estratégia assertiva.
A seguir falo melhor sobre cada um deles:
Tenha uma visão clara
Quais são os principais objetivos da sua ONG? Essa é uma pergunta que parece simples, mas sem ela a organização não existe. É importante que você tenha clareza aonde você deseja chegar. É esse propósito que irá motivar e direcionar os voluntários da instituição a agir.
O seu objetivo pode ser diminuir as emissões de gases de efeito estufa, levar educação para comunidades ribeirinhas, encontrar lar para cachorros abandonados e por aí vai. Seja lá qual for, tenha ele muito claro em mente (e anotado em algum lugar).
Tenha metas bem definidas
As metas, por sua vez, são os objetivos de forma quantificada. Ouve-se muito falar delas em empresas do setor privado, mas as ONGs também devem incorporá-las. Afinal, são elas as responsáveis por garantir que o objetivo será alcançado.
Metas são ações mensuráveis, e por isso são composta por 3 variáveis: objetivo + valor + prazo. Na prática, são as tarefas específicas e frequentes que a organização precisa fazer para alcançar o seu propósito.
Por exemplo, se o objetivo da organização em que você atua for acabar com o abandono de cães na sua cidade, uma meta poderia ser encontrar 30 famílias dispostas a adotar um cachorro por mês. Observe que nela estão contidas todas as variáveis necessárias. Isso torna o direcionamento do seu trabalho muito mais fácil, além de te possibilitar medir se a organização está realizando sua missão e propósito.
Saiba seu posicionamento
Bom, após definir objetivos e suas metas, você precisa se perguntar: de que forma a organização em que eu trabalho conduzirá suas atividades para alcançar seu fim? E com isso, quero dizer: quais valores e posicionamento guiarão essas atividades?
Definir quais são os seus valores é fundamental para encontrar voluntários que ajam da mesma maneira que você e aceitar investimentos apenas de indivíduos e corporações que estejam alinhados com a organização.
Mas por que eu falei desses 3 pilares até agora? Simples: para fazer uma roda girar, todos precisam empurrar na mesma direção. Se você quer implementar o Marketing Digital na organização, você precisa desses ítens. Assim como eles servem de guia para a ação da organização, eles servirão para nortear as estratégias de marketing.
Marketing Digital para organizações sociais: os primeiros passos
Afinal, como as ONGs podem encontrar mais voluntários e atrair mais investimentos através do Marketing Digital? A seguir mostro algumas saídas.
#1: Criação de personas
Uma pesquisa realizada pela Fundação Salvador Arena indicou que 50% das ONGs possuem dificuldade para se comunicar com o público de interesse de forma efetiva. Isso me faz pensar: será que essas organizações realmente sabem quem é o público que se quer alcançar?
No Marketing Digital, o primeiro passo antes de qualquer iniciativa é definir as suas personas. Elas são perfis semi-fictícios que representam as pessoas que você quer atingir com as suas ações de marketing. Para a ONG em que você atua, será preciso basicamente duas personas: uma que ilustre o voluntário, e outra que represente o investidor.
As personas, além de informações básicas como nome, idade e profissão, também têm características psicológicas e pessoais. Você terá que identificar quais seus hobbies, hábitos, crenças, desafios, estilo de vida, quais mídias utilizam etc. Tudo isso será fundamental para você desenvolver mensagens e anúncios certeiros, além de escolher os melhores canais de divulgação para que esses comunicados cheguem no público certo.
Para criar as suas, uma dica que dou é usar este gerador de personas.
#2: Construção da presença digital
Ainda de acordo com a pesquisa que mencionei no tópico anterior, 95% das ONGs não têm site (ou têm, mas suas páginas estão desatualizadas) e 30% não estão presentes nas redes sociais (ou estão, mas seus perfis estão desatualizados).
Esses dados revelam que, embora a internet seja uma grande ferramenta de comunicação, ela ainda não é tão explorada quanto poderia ser. O Marketing Digital vem para ajudar a reverter esse cenário. Não é à toa que a sua chave está na presença digital. Mas, como alcançá-la?
Site
Antes de mais nada, a ONG precisa ter um site. Ele será o cartão de visitas da organização, responsável por trazer credibilidade e fornecer informações sobre a mesma. Uma instituição que faz isso muito bem é o Greenpeace.
Aqui, valem algumas dicas:
- Tenha uma seção que explique a história e os propósitos da organização, para que as pessoas possam entender melhor as motivações e se conectar com a causa;
- Se a ONG em que você atua possui fins de assistência social, colha depoimentos das pessoas que já se beneficiaram por ela e mostre-os no site. Isso mostra que a organização está fazendo um bom trabalho e realmente mudando vidas;
- Instale ferramentas que facilitem as doações. Torne esse processo o mais simples possível. Dê opções para as pessoas doarem via boleto, cartão de crédito, Paypal etc. Lembre que um sistema complicado pode acabar fazendo o indivíduo desistir da doação durante a sua tentativa! E não se esqueça de ter um layout amigável. A jornada do usuário dentro da plataforma deve ser intuitiva;
- Torne a comunicação o mais humana possível. Use fotos, vídeos, e uma linguagem que de fato se comunique com o público que você quer atingir;
- Tenha CTAs (call-to-actions) estrategicamente posicionados pelo o site. A lógica é informar, mas sempre induzir o leitor a realizar uma ação no final;
- Tenha mecanismos para capturar Leads. Por exemplo, se o Lead que você quer atrair é um voluntário, tenha um botão dizendo algo como “quero ser voluntário” que o leve para preencher um formulário onde ele deixará seus dados.
Blog
Ter um site é fundamental, mas ter um blog faz você ir além. Por meio dele você pode produzir e divulgar conteúdos frequentemente, podendo eventualmente se tornar uma referência no seu segmento de atuação. Isso traz autoridade para a ONG e reforça ainda mais sua credibilidade.
Ademais, também é um meio de dar reconhecimento aos seus voluntários. Imagina que legal ter um artigo publicado no seu nome em um blog que é referência?
Redes sociais
Conhece aquele ditado “quem não é visto, não é lembrado”? Pois é, ele se encaixa aqui. As mídias sociais vem crescendo cada vez mais nos últimos anos, e se consolidando como parte essencial de uma boa estratégia de Marketing Digital.
A ONG não precisa ter um perfil em todas as redes sociais existentes, mas é importante que você mapeie em quais mídias a sua persona está em peso. A partir disso, você pode estabelecer a sua presença neste canal e usá-lo para:
- Divulgar o trabalho da organização;
- Criar e manter relacionamento com a comunidade e os stakeholders;
- Promover postagens que estimulem engajamento e networking;
- Monitorar temas de destaque que estão em discussão em outras redes e blogs e trazer conteúdos sobre isso;
- Difundir a ONG em larga escala e a baixo custo, por exemplo: criar campanhas de indicações para amigos.
E aqui vai uma dica de ouro: interaja com o seu público. Estimule o debate e responda os comentários de forma personalizada. Se as próprias pessoas não se sentirem bem tratadas pela organização, como elas vão acreditar que de fato a ONG preza e trabalha por seus objetivos?
Grupos e fóruns de discussão
Fóruns de discussão são um espaço aberto ao diálogo para que os participantes possam trocar informações sobre um certo assunto. Por exemplo, se a causa da sua ONG é ajudar a reduzir o desmatamento, seria muito legal ela estar envolvida em fóruns de meio ambiente.
Esses grupos podem se reunir presencialmente, mas é muito comum que o façam pela internet. Existem diversas páginas de discussão que você pode participar. Encontre-as e mantenha uma presença constante da organização nelas. Além de ser um espaço informativo, também é um canal que promove o networking, podendo te ajudar a encontrar voluntários, instituições parceiras para ações e quem sabe até mesmo investidores.
Além disso, quando for plausível, também é mais um meio que você pode utilizar para divulgar campanhas de arrecadação de fundos. Isso porque as pessoas que estão envolvidas nessas discussões têm uma maior tendência de se solidarizar com causas referentes ao tema debatido.
#3: Google Ad Grants
O Google Ad Grants é uma iniciativa criada com o propósito de ajudar as instituições selecionadas a terem divulgações gratuitas na internet. A lógica da plataforma é a mesma do Google Ads, só que “de graça”. Se a ONG atender os requisitos do Google, ele subsidia seus anúncios com 10 mil dólares por mês.
Esse é um meio da organização ampliar a sua divulgação, apresentando suas ideias e o seu trabalho para as pessoas certas, na hora certa. Esse é um ótimo caminho que pode levar ao levantamento de doações e até mesmo de recrutamento de voluntários.
Para entender melhor como funciona o Google Ad Grants, e conferir todas as vantagens do programa clique aqui.
#4: Co-marketing e parcerias
Eu sei que atingir todas as metas de Marketing Digital com um orçamento limitado não é uma tarefa fácil. Ao mesmo tempo que se deseja maximizar os resultados, é preciso buscar maneiras de otimizar os recursos.
Uma boa saída para conseguir isso é fazer co-marketing. Essa prática consiste em iniciativas de marketing compartilhado, onde duas organizações que possuem interesses e objetivos em comum se unem para dividir os esforços de trabalho e ampliar a possibilidade de retorno.
Para isso, você tem várias saídas: pode buscar outras ONGs que tenham propósito semelhante, ou instituições de outros setores que possuam algum interesse na sua causa, como por exemplo hospitais, universidades e empresas privadas. Há ainda a possibilidade de fazer parceria com entidades públicas, através de convênios com os governos municipal, estadual e federal.
Basicamente, o rumo dessa estratégia consiste em contatar essas instituições e propor um projeto em comum, o qual será realizado pelos dois lados em conjunto e pode ser divulgado nos sites e redes sociais de ambas as partes. Com isso, dividem-se os esforços das atividades e amplia-se o alcance delas.
Plataformas digitais que podem ser grandes aliadas
Existem diversas plataformas online que podem te ajudar a impulsionar as ações da sua ONG e, quem sabe, até mesmo ser parceiras de co-marketing. Algumas delas são:
- Vakinha: uma ferramenta de crowfunding online;
- E-solidário: plataforma que conecta organizações com voluntários ou pessoas precisando de ajuda;
- Atados: site que conecta voluntários a vagas de voluntariado.
Marketing Digital é recorrência
Por último, gostaria de destacar um caráter importantíssimo do Marketing Digital: a recorrência. Esse é um fator de extrema relevância para o terceiro setor, onde precisa-se pensar na retenção dos voluntários e na reincidência da captação de recursos.
Muitas vezes, as organizações apostam em estratégias de marketing pontuais, focando em alcançar um objetivo a curto prazo (por exemplo: arrecadar 10 mil reais para uma ação específica). Isso pode até render algum fruto, mas a coleta é limitada. Se você quiser uma colheita sazonal, deverá apostar em estratégias constantes.
Essa é justamente a ideia do Marketing Digital. De nada adianta você aplicar todas as práticas que mencionei acima se não houver monitoramento e constante aperfeiçoamento das mesmas. Você precisa manter suas páginas e perfis atualizados, produzir conteúdo frequentemente, analisar o desempenho de cada campanha e por aí. Dá trabalho, eu sei. Mas com persistência os resultados vêm.
Bom, espero que o artigo tenha sido útil para você. E agora, que tal colocar a mão na massa? Comece aprendendo mais com o nosso Guia Definitivo do Marketing Digital! Acesse gratuitamente preenchendo o formulário abaixo.