Este artigo foi escrito por Christopher Leal, Head de estratégia e conteúdo na Nowall School, agência parceira da Resultados Digitais.
Em plena epidemia do Covid-19, a rotina de bilhões de pessoas ao redor do mundo virou de cabeça para baixo. Nessa reviravolta sem precedentes recentes, algumas discussões ganharam protagonismo. Entre elas, o isolamento social e, em decorrência disso, o home office.
Porém, existem outras discussões que correm pelos bastidores dessas que tomaram o palco principal nesses últimos dias. São aquelas que dizem respeito não a todas as pessoas, mas a grupos em particular. Por exemplo:
- Os donos de lanchonetes e restaurantes, que estão discutindo como equilibrar as contas agora que só podem contar com as vendas via delivery;
- Colaboradores de lojas de departamento que se desesperam para entender o que fazer, uma vez que sabem o quanto seu trabalho está sendo afetado;
- E por aí vai.
Perceba que toda grande discussão traz consigo discussões mais singelas, porém, ainda sim de uma magnitude tremenda para aqueles que estão participando delas. Existem perguntas sendo feitas por todos os lados e você precisa ter clareza daquelas que pretende responder.
Será que você realmente está preparad@ para o que está por vir?
Pesquisas mostram uma tendência crescente de marcas e empresas buscando por soluções digitais. O que os efeitos da atual crise deixaram bem claro para todos foi o óbvio: quem não tem presença digital está sofrendo. O mercado está, mais do que nunca, super aquecido para o Marketing Digital.
Porém, só nos damos conta de que algo é óbvio quando nos é revelado pela primeira vez. Infelizmente, para algumas empresas, isso acabou acontecendo da pior maneira possível.
Os próximos dias prometem ser de alta demanda para nós, profissionais de Marketing Digital. A necessidade foi escancarada e alguém vai precisar entregar uma solução.
Porém, essa demanda virá acompanhada de uma urgência nunca vista antes. Empresas vão precisar se recuperar rápido. Nesse contexto, os profissionais que realmente conseguirem entregar resultados vão se sobressair. Já aqueles que se limitam a frases prontas para tentar passar a impressão de que sabem do que estão falando, estão com os dias contados, assim como as empresas que acreditarem neles.
É tempo de responsabilidade e de separar quem sabe, de quem está aqui só para fazer volume. Uma frase recente do Washington Olivetto, dita antes de todas essa movimentação do Covid-19, nunca fez tanto sentido:
“Precisamos de clientes que sejam fiéis, mas também precisamos de agências que sejam fiéis aos seus clientes.”
As Redes Sociais terão um papel fundamental na retomada
Sejamos claros, práticos e objetivos. O motor da retomada, ao menos em termos de Marketing Digital, até pode ser via canais como SEO ou até mesmo como o próprio Inbound Marketing (ambos recursos inquestionavelmente eficientes, porém, de longo prazo). Mas, lembre-se: a velocidade será a palavra-chave do mundo pós Covid-19.
As redes sociais, por meio dos seus diversos recursos, dos anúncios patrocinados às conversas via direct, tem mais chance, no curto prazo, de aumentar números de vendas. Logo, se você está buscando um caminho do ponto de vista menor tempo/benefício, essa definitivamente é uma ótima opção.
Onde quero chegar com tudo isso? Se a solução são as redes sociais, precisamos acabar com o amadorismo. Questões como “qual a melhor hora para postar nas redes sociais?”, “que tipo de post gera mais engajamento” e coisas do tipo, são típicas de quem está começando e não sabe ainda fazer as perguntas certas.
Me guiando por perguntas realmente importam, cheguei a alguns insights que você precisa ter em mente ao trabalhar com as mídias sociais nos próximos dias. Acompanhe a seguir.
Pare de buscar por uma audiência e foque em um público
É comum se referir às pessoas que acompanham um perfil nas redes sociais como audiência. Essa denominação é herança da era dos meios de comunicação de massa, como televisão e rádio. Apesar de parecer inofensiva, afinal, todos falam assim, ela esconde algumas armadilhas.
Não é raro encontrar empresários e até mesmo agências, que segmentam pessoas em termos genéricos como classe social ou gênero. Quantas vezes você já escutou expressões do tipo: “quem compra de mim são as mulheres”?
Perceba que essa frase não passa de uma falsa percepção, que no fundo mascara o fato de que não existe uma análise mais profunda de quem realmente compra a solução oferecida. Dizer que são mulheres abre precedente para que qualquer mulher possa ser incluída, independente de quem ela seja em um nível pessoal.
Esse entendimento superficial é o mesmo que todos os grandes veículos de comunicação utilizaram para balizar suas ações ao longo das últimas décadas. Vivemos por anos com a percepção de que a programação “Z” era feita para mulheres, a “Y para homens, e a “X” para crianças. Diante da impossibilidade de levantar dados em larga escala sobre as pessoas que estavam do outro lado da televisão ou do rádio, era necessário criar caixinhas genéricas para acomodar essa audiência.
Nesse momento, vou supor que você possa estar pensando: “mas qual a novidade nisso tudo? disso eu já sei, por isso crio personas para o meu cliente”.
Será que cria mesmo? Ou você usa algum passo a passo genérico para criação de personas e se contenta com isso?
Quero te incitar a pensar sobre as pessoas que você quer alcançar com a sua estratégia de social como um público. Um público não é definido por uma segmentação superficial, mas sim como um grupo de pessoas que compartilham de uma mesma identidade e socializam entre si.
Alguns estudiosos chamam isso de identidade e sociabilidade compartilhada. Para se aprofundar mais no assunto, sugiro a leitura do livro Cultura da Conexão, uma obra de 2015 que se mantém mais atual do que muito post blog escrito na semana passada.
Em resumo, todas as pessoas pertencentes a um mesmo público compartilham entre si interesses e problemas semelhantes, e também se socializam com outras pessoas que tem esses interesses.
Imagine um grupo de mulheres grávidas. Elas não só compartilham interesses (produtos, procedimentos, entre outros) como socializam com outras pessoas que também os têm. Seja pessoalmente ou online, temos a identidade e sociabilidade compartilhada. Deu pra entender?
Guarde isso, porque será importante para o pensamento estratégico que irei apresentar em breve. Antes, porém, vamos desconstruir um outro conceito.
O fim dos consumidores e ascensão do multiplicadores
O termo consumidor remete à ideia de uma pessoa que consumiu algo. Visto dessa forma, parece que a vida do produto ou serviço que a empresa está oferecendo fecha com seu consumo. É por conta dessa visão que muitas empresas investem a maior parte dos seus esforços na criação de campanhas para gerar novos consumidores, afinal, se existe a percepção de que a vida útil de um cliente termina nesse momento, faz sentido sempre estar em busca de novos.
Por outro lado, o termo multiplicador define alguém que tratará o produto, serviço ou a experiência com a empresa como um ponto de partida. Dessa forma, as pessoas passam a serem vistas como ativos que podem gerar valor por meio de suas atividades.
Essas atividades são divididas entre aqueles que fornecem valor econômico direto - os que compram ou assinam, gerando dinheiro em caixa - mas também aqueles que oferecem valor econômico indireto - que “endossam”, “compartilham” ou “recomendam”, gerando notoriedade para a empresa.
Esses comportamentos são importantíssimos para a dinâmica das redes sociais, já que a estrutura delas permite um canal de muitos para muitos; ou seja, cada indivíduo é por si só um canal de distribuição e pode fazer diferença significativa na jornada de compra de outros indivíduos.
Nas redes sociais, portanto, estamos em busca de multiplicadores, não só de consumidores.
E isso lá faz tanta diferença assim? 🤔
Sim! Porque não se trata de uma simples substituição de palavras, mas da perpetuação de uma mentalidade que vai guiar todo o seu planejamento nas redes sociais de agora em diante.
Fim da teoria, vamos para ação: Foco em grupos, hashtags e fóruns
Se nós entendemos que o objetivo é a construção de um público ao invés de uma audiência genérica, todo trabalho de redes sociais começará com três perguntas simples:
- Quem é o meu público?
- Onde ele se reúne?
- Sobre o que ele conversa?
Para responder esses questionamentos e dar início ao planejamento estratégico, precisamos seguir 3 passos:
1. Pesquise
A campanha mais recente do Facebook já dizia “Existe um grupo no Facebook para você.”. Portanto, vamos confiar no tio Zuck e começar a pesquisa pelo seu público alvo nos grupos do Facebook.
Imagine que você está encarregada da estratégia de social para uma loja de departamentos esportivos. Eles têm zero presença digital, mas estão finalizando um ecommerce e agora pretendem entrar com força total nesse novo mundo. Seu papel é estruturar um plano de ação, cujo objetivo é aumentar a presença da marca e gerar tráfego para o novo site.
Agilidade é a chave, então você começa selecionando as categorias de produtos mais vendidos. Nesse exemplo, vamos supor que sejam artigos para prática de futsal.
Comece digitando “futsal” na barra de pesquisas do Facebook e depois selecione a opção “Grupos”. Entre nos principais grupos que aparecem nos resultados e comece sua pesquisa.
O objetivo nesse momento é encontrar os assuntos que são mais relevantes para o público que compartilha o interesse por futsal, e os grupos são ideias para isso, já que temos diversas pessoas dialogando diariamente (no caso das comunidades mais ativas) sobre diversos temas que são do interesse deles. Por lá você terá acesso a uma visão poderosa sobre os temas mais quentes para esse mercado alvo.
Em seguida, faça uma pesquisa também no Google. Porém, não se trata de uma pesquisa comum, nosso objetivo é encontrar locais na internet onde nosso público se reúne e conversa. Para isso digite o termo pretendido, seguido da expressão “inrul: forum”, como a figura abaixo:
Com isso, o Google vai filtrar somente por endereços de fóruns online. É possível também, utilizar outros termos para fazer pesquisas mais avançadas, se quiser conhecer todas as possibilidades acesse esse link.
Paralelamente ao processo de pesquisa, é fundamental executar o segundo passo:
2. Documente
Crie uma planilha simples e documente as principais informações que conseguir ao longo da pesquisa. Os dados mais importantes são os assuntos que geram mais discussão, ou seja, aqueles que movimentam boa parte do grupo e as dores recorrentes, que são aquelas perguntas que aparecem com mais frequência.
Outros dados que você pode colher são os nomes dos administradores e membros mais ativos - isso pode ser útil para uma futura pesquisa qualitativa. A estrutura da sua planilha de documentação é bem simples, fica mais ou menos assim:
3. Compare
Agora que você já entendeu quais são os assuntos mais relevantes para o seu público, chegou o momento de entender como os seus concorrentes estão atendendo essa demanda.
Vá até o Instagram e pesquise por hashtags que fazem sentido para esse mercado (vale a pena prestar atenção também nas hashtags relacionadas). Busque pelos perfis mais relevantes e tente entender o tipo de conteúdo que eles estão publicando. Descubra se estão em sintonia com as dores que você identificou na sua pesquisa.
Caso positivo, linke os materiais dos concorrentes aos temas que estão dispostos na sua planilha. Isso será importante para manter as referências por perto; use-as para pensar em abordagens diferentes das que já estão sendo feitas. Por último, dê especial atenção aos temas e dores sobre os quais você não encontrar ninguém falando, eles podem ser sua porta de entrada para diferenciação.
Com todas essas informações em mãos, obtidas a partir dos pilares da pesquisa, documentação e comparação, você terá uma visão ampla sobre o mercado alvo em que pretende entrar, tanto do ponto de vista dos assuntos mais quentes, como do quanto seus concorrentes estão conseguindo ou não atender essa demanda.
Esse trabalho simples e prático, que leva menos de 1 dia de trabalho dependendo do tamanho do mercado em questão, é capaz de entregar dados importantíssimos sobre as lacunas que existem na entrega dos concorrentes. Esse é o segredo para não ser só mais um perfil no meio de tantos outros que estão buscando a atenção do mesmo público.
Todos os passos apresentados até aqui, compreendem a primeira fase de um framework de planejamento estratégico para as redes sociais que chamo de Jornada dos Multiplicadores. Nosso objetivo nesse primeiro momento é buscar validação de temas que podemos abordar na produção de conteúdo, o próximo passo da jornada. Com isso, poupamos tempo precioso que seria gasto em testes e mais testes até chegar aos assuntos mais relevantes.
A ideia central da Jornada dos Multiplicadores é criar um ciclo que se retroalimenta das informações que já se encontram nas redes sociais, atendendo uma demanda que já existe e com isso potencializando tanto os resultados quanto a repercussão das ações que sua equipe desenvolver.
Apenas como exemplo para fecharmos nossa primeira conversa..
Antes de lançarmos a nowall.school (nossa escola de social media), fizemos exatamente esse mesmo processo de pesquisa, analisando grupos de profissionais da área. A partir dessas análises criamos tanto nosso posicionamento como boa parte dos nossos produtos.
Entre os grupos analisados estava o “Escola Social Media”, hoje o maior dessa área, onde, dias após o lançamento do nosso primeiro curso, essa conversa aconteceu:
Em uma conversa entre 4 pessoas, 2 estavam interessadas no produto e 1 já era nosso aluno. Esse aluno, que de forma alguma pode ser descrito como um simples “consumidor” do nosso curso, agiu como “multiplicador”, endossando nossa oferta.
Quando o planejamento estratégico é feito desde o princípio pensado para um público específico, a comunidade se torna o principal motor de crescimento e as redes sociais podem ser utilizadas em sua máxima potência. Tudo começa no social e por isso repercute no social, assim o ciclo se fecha e a Jornada dos Multiplicadores recomeça.
Espero ter ajudado. É natural que poderia ser dito muito mais a respeito desse modelo de planejamento, mas acredito que já me estendi demais. Comente o que você achou 💛
Este artigo foi escrito por Christopher Leal, Head de estratégia e conteúdo na Nowall School, agência parceira da Resultados Digitais.