O que o livro O Poder do Hábito pode ensinar para sua agência

Entenda como funcionam os hábitos e como eles podem impactar a rotina de trabalho do seu negócio

Marcela Andrade
Marcela Andrade1 de agosto de 2018
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Se pararmos para analisar nosso dia a dia, todos os comportamentos que compõem a nossa rotina, com certeza conseguimos encontrar alguns hábitos — pessoais ou profissionais — que gostaríamos de mudar. Querer todos querem. Mas quem disse que é uma tarefa fácil?

Sabemos que mudar um hábito é um processo complicado para a grande maioria. Exige determinação, esforço e disciplina. Não é algo que acontece do dia para a noite, mas se constrói com o tempo e muita dedicação.

Não é à toa que realizamos mil promessas o tempo todo e muitas vezes não conseguimos cumpri-las. Seja no final do ano, para começar o próximo com o pé direito, ou até mesmo a cada domingo, tentando convencer a si mesmo que a partir daquela segunda-feira “tudo será diferente”.

o poder do hábito

A chave para mudar o que não funciona na sua vida é justamente entender como os hábitos funcionam. Foi com esse pensamento que o repórter do New York Times, Charles Duhigg, escreveu o livro O Poder do Hábito, que é um enorme sucesso de vendas no mundo todo, pois se aplica tanto à vida pessoal quanto à profissional.

A obra é resultado de um longo estudo do autor, que há duas décadas pesquisou como os hábitos funcionam e, principalmente, como podem ser transformados. Baseado em histórias reais e cases de sucesso, o livro dá destaque à criação e manutenção de hábitos positivos.

Por que nós temos hábitos?

Ao longo da nossa vida, todos nós construímos alguns hábitos cotidianos que muitas vezes passam até despercebidos. Tomar café da manhã, escovar os dentes, almoçar, ir para o trabalho, tomar banho etc. Isso acontece porque todos são padrões de comportamentos que repetimos por anos e anos.

Então, quando repetimos esses comportamentos, os hábitos são assimilados — criando, assim, um processo de aprendizado e internalizando o conceito. Essas ações inconscientes são repetidas de forma automática com o tempo, já que o nosso cérebro é extremamente eficiente.  Nas palavras do autor,  

Os hábitos, dizem os cientistas, surgem porque o cérebro está o tempo todo procurando maneiras de poupar esforço. (Charles Duhigg)

Sendo assim, essas pequenas ações rotineiras — negativas ou positivas — impactam diretamente nosso cotidiano. Podem tanto prejudicar nosso desempenho, quanto alavancar nossos resultados. E Charles Duhigg nos ajuda a refletir justamente sobre essas questões ao longo das páginas do livro.

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Como os hábitos são formados?

A primeira parte do livro é focada em abordar comportamentos individuais, trazendo através de experimentos científicos e estudos de caso, conceitos do que é hábito e explicações de como ele funciona. Tal teoria foi intitulada pelo autor como Loop do Hábito (Deixa + Rotina + Recompensa) e é uma das grandes lições que o livro ensina.

Tudo começa com uma Deixa, que é um estímulo que manda o cérebro entrar no modo automático e indica qual hábito deve ser usado a partir dali. Isso leva a uma Rotina, que significa a forma como executamos a deixa. Em seguida vem a Recompensa, que ajuda o cérebro a saber se vale à pena ou não memorizar esse loop para o futuro.

Para ficar mais fácil de visualizar, o autor sugere pensarmos em uma situação específica, de um hábito negativo. Imaginemos um fumante. A Deixa para ele é ver um maço de cigarro em sua frente. Essa ação funciona como um gatilho, que vai sugerir um hábito em seguida. A Rotina nesse caso é o ato de fumar propriamente dito, o comportamento em si. A Recompensa é a sensação que a nicotina dá para o fumante.

o poder do hábito

Agora vamos pensar em uma situação diferente, na criação de um hábito positivo. Eu, por exemplo, sei que sou mais produtiva na rotina de trabalho quando pratico atividade física logo no início da manhã. O dia parece render muito mais. É claro que às vezes dá preguiça de sair da cama às 6h30 da manhã, principalmente no inverno, por isso tenho um hábito há algum tempo.

Como meu objetivo é fazer um exercício logo que acordo, aproveito a noite anterior para deixar a roupa de academia do lado da cama. Essa é a minha Deixa, pois quando acordo e vejo a roupa separada ali, funciona como uma sugestão. A Rotina é sair de casa e fazer alguma atividade física, por pelo menos 30 minutos. A Recompensa é a endorfina liberada, uma sensação boa, de leveza e dever cumprido ao mesmo tempo.

E você, já parou para analisar quais hábitos podem estar atrapalhando a produtividade da sua equipe? E afetando os resultados de seus clientes?

A famosa “checada” nas redes sociais

Por exemplo, vamos imaginar que você tem alguma entrega importante, um projeto ou uma campanha para finalizar. Você precisa que seu foco seja 100% nessa entrega. Enquanto está na frente do computador, trabalhando, deixa o celular do lado, pois pensa que, no meio daquela tarefa difícil, você merece uma “distração simples” em alguns momentos.

O problema é que a cada 5 ou 10 minutos você para o que está fazendo e se desliga completamente, para checar as mensagens no WhatsApp, notificações do Facebook ou Instagram.

Por mais que pareça algo inofensivo, pois aquela “checada” nas redes sociais dura só 1 ou 2 minutos, é uma ação que prejudica e muito a sua produtividade.

Você às vezes perde a linha de raciocínio, pois se dispersa com algo que viu ou leu na tela do telefone. E para voltar ao pensamento anterior, nem sempre é algo rápido ou automático. Às vezes precisa reler as últimas palavras, frases ou até mesmo parágrafos.

E como resolver esse problema? Se você reconhece que tem uma certa mania em checar o celular constantemente, algo que pode funcionar é deixar o telefone na bolsa durante a manhã e conferir as mensagens só perto da hora do almoço. Se o problema é se distrair usando o WhatsApp Web, nem cogite abrir essa página no seu navegador.

A arte de reclamar

Outra situação que costumamos ver muito no ambiente de trabalho é alguém reclamando de tudo e/ou de todos. Aquela pessoa que nunca pode ser responsabilizada por uma falha em um projeto ou processo. Tem o costume de reclamar, justificar-se e, às vezes, até terceirizar a culpa do erro.

Nesse caso, como funciona o hábito no cérebro da pessoa? A Deixa pode ser resumida com a ideia de “Não deu certo, vou reclamar”. A Rotina que a pessoa está acostumada é colocar a culpa em outra pessoa da equipe. E a Recompensa é aquela sensação de “Não consegui realizar tal tarefa, mas a culpa é de outro, ou de fatores externos, então eu me sinto bem”.

Como mudar essa situação? Isso só acontecerá se a pessoa parar de reclamar e ver apenas problemas por todos os lados. É preciso criar um planejamento, ter pensamentos positivos, que foquem na resolução de tais problemas.

As soluções também funcionam como uma ótima forma de recompensa, pois você também se sentirá bem e satisfeito no fim do dia. Na maioria das vezes, até melhor - pois resolver problemas com agilidade (em vez de gastar energias reclamando) te colocará mais perto dos objetivos que você busca alcançar.

Veja mais: Os 7 hábitos das agências altamente eficazes

Organizações bem-sucedidas

A segunda parte do livro traz como tema principal os hábitos de organizações bem-sucedidas. São casos reais de empresas como Starbucks e Alcoa, que através da mudança de hábitos conseguiram crescer de maneira exponencial e se tornaram exemplos de profissionalismo e sucesso no mundo todo.

O livro conta a história de organizações que tinham comportamentos muito ruins, prejudiciais à imagem do negócio, que perderam completamente a credibilidade em algum momento. Como uma Instituição de saúde, que cometia uma série de erros médicos frequentemente, e contava com profissionais que não estavam tão preocupados em mudar seus hábitos, ou até mesmo reconhecer seus erros.

Em um determinado momento, quando já estavam praticamente no fundo do poço, essas organizações perceberam que não adiantava mudar só o hábito de um indivíduo para salvar o negócio. Não seria suficiente. Era preciso fazer uma mudança em conjunto, de mentalidade. Só assim conseguiriam alcançar algo positivo, que levasse a melhores processos, resultados mais efetivos, lucros maiores e um próprio ambiente de trabalho mais leve e agradável.

A Regra de Ouro

Na minha opinião, um dos maiores aprendizados do livro, que pode ser chamado de regra de ouro, tem a ver com a melhor maneira de modificarmos um hábito que já nos acompanha há muito tempo. Isso tudo porque o autor explica que um hábito não pode ser erradicado, apenas substituído.

Em resumo, primeiramente você precisa identificar qual hábito você quer modificar. Em seguida, é necessário entender qual é o gatilho responsável por ativar esse hábito. Depois disso, você irá alterar a rotina ou então substituir a recompensa.

Um caso prático para simplificar. No livro, Duhigg conta que tinha um hábito que gostaria de mudar. Toda vez que ele estava imerso na rotina do trabalho, levantava-se no meio do expediente para ir comer um cookies em um café próximo.

Todos os dias era a mesma coisa. Encontrava uma deixa para ir ao café comer, o que fez com que o autor acabasse engordando muito. Logo que percebeu que aquilo tinha se tornado um hábito e passou a analisá-lo,

Duhigg se deu conta que o gatilho não era a fome, e nem a satisfação em comer um cookies, mas sim a necessidade de dar uma “voltinha” e socializar com as pessoas. Assim, conseguia relaxar e liberar um pouco a tensão da rotina de trabalho.

Ao saber disso, o autor explica que mudou sua rotina para não ir mais ao café. Em vez disso, ele começou a ir a mesa de um colega para bater papo por cerca de 10 minutos, ou então dar uma volta pela empresa. A recompensa era a mesma: distração / relaxamento. O que ele fez foi simplesmente alterar a rotina, para não comer mais cookies.

Essa mudança parece algo simples e até mesmo banal, não é? Mas é assim mesmo que ela acontece. Ao pensarmos no modelo deixa + rotina + recompensa, o mais importante é entender que se você manter os dois extremos, consegue substituir a rotina por algo positivo.
Já que é praticamente impossível eliminar um hábito por completo, temos que pensar sempre em substituir uma rotina negativa por uma positiva. Quer mudar algum hábito? Então aqui vai um resumo simples e fácil:

Para MUDAR um hábito, segundo O Poder do Hábito:

  • Identifique o hábito que você quer mudar: Deixa + Rotina + Recompensa (é preciso estar 100% consciente desses passos);
  • Encontre uma rotina alternativa, pois um hábito não pode ser erradicado, apenas substituído;
  • Você pode experimentar alterar as recompensas por algo que proporcione mais produtividade no trabalho ou mais qualidade de vida (Por exemplo, correr em vez de comer, café no intervalo do trabalho em vez de cigarro etc.).

E aí, já começou a observar quais hábitos você gostaria de modificar? A leitura do livro é uma excelente forma de começar, para se manter mais motivado e focado nesse objetivo.

Boa mudança de hábitos!

Marcela Andrade

Marcela Andrade

Quem escreveu este post

Jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com intercâmbio acadêmico no Institut d'Administration des Entreprises - Université de Savoie (França). Experiência com consultorias e projetos de digital marketing/inbound marketing, analytics, big data e inovação.

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